Prefeito promete tirar 800 famílias de favela em dois meses
Áreas que foram doadas pela Prefeitura de Campo Grande a empresários como fruto de benefícios fiscais serão destinadas ao loteamento temporário que vai abrigar 800 famílias da favela Cidade de Deus, que estão sob ameaça de despejo.
A prefeitura já estudava a possibilidade de lotear provisoriamente uma região próxima à favela. Hoje (13) pela manhã, em visita aos moradores, o prefeito Gilmar Olarte (PP) confirmou a medida que deve solucionar, por enquanto, a situação. Ele afirmou que em, no máximo, dois meses quer realocar as famílias na nova área.
As terras pertencem a dois empresários e a prefeitura aguarda a chegada de um deles, que está em viagem ao exterior, para oficializar a decisão. Conforme Olarte, será firmada parceria com o Governo Federal para que Campo Grande possa fazer parte do projeto social "Kit de Construção". Assim, os moradores poderão construir casas nas novas áreas, ficando a prefeitura responsável por fornecer estrutura de água e luz.
“Essas famílias querem dignidade e é isso que nos vamos construir. Vamos dar um pedaço de chão e dar condições para que eles possam pagar água e luz", disse o prefeito.
Olarte afirmou também que já conversou com o presidente da Câmara de Vereadores, Mário Cesar (PMDB), para que a Casa de Leis aprove as medidas adotadas pelo Executivo. “Não vamos jogar ninguém na rua. Vamos organizar tudo isso".
No entanto, o prefeito frisou que apenas os moradores que estão cadastrados na Emha (Agência Municipal de Habitação) ganharão casa, independente de estarem ou não no loteamento temporário. "Ninguém que invadiu vai ganhar casa".
Caso- Na última quinta-feira (11), um incêndio destruiu seis barracos na favela por causa das ligações de energia clandestinas, os “gatos”. No mesmo dia, a Enersul cortou o fornecimento de luz já que as ligações na favela são ilegais. Os moradores ficaram se energia elétrica até a noite de ontem, quando a prefeitura enviou dois geradores para tirar as famílias do escuro.
Antes mesmo do incêndio, já havia uma ordem de despejo contra os moradores por ocupação irregular da área, que é uma APP (Área de Preservação Permanente) e ainda por causa dos furtos de energia. Os moradores chegaram a interditar a BR-262, na saída da Capital para São Paulo, na tentativa de evitar que a pressão do MPE (Ministério Público Estadual) para que a Prefeitura despejasse as famílias acontecesse.