Enersul acaba com “gato” e moradores de favela fecham ruas
A Enersul (Empresa Energética de Mato Grosso do Sul) acabou, ontem, com os “gatos” e os moradores da Favela Portelinha, no Bairro Morada Verde, na saída para Cuiabá, decidiram bloquear o cruzamento da Avenida Heráclito Figueiredo, prolongamento da Avenida Ernesto Geisel, com a Rua Pintassilgo. Além do bloqueio, eles ameaçam invadir as casas da Emha (Agência Municipal de Habitação).
Por volta das 16h de hoje, cerca de 100 pessoas bloquearam o tráfego de veículos na avenida e na rua com pedaços de paus, sofás velhos e bicicletas. A energia elétrica foi cortada ontem.
Os moradores estão revoltados porque a Prefeitura Municipal de Campo Grande se comprometeu a manter a energia no local até a transferência das famílias para as casas da Emha. No entanto, as obras atrasaram e a transferência dos moradores da favela para o novo conjunto habitacional vem sendo adiada.
Segundo a dona de casa Vânia Martins, 29 anos, a administração municipal tinha assumido o compromisso de manter o fornecimento de energia até a entrega das novas casas. No entanto, as famílias continuam na favela. A última previsão era entregar as novas moradias em 26 de agosto. Agora, elas podem ser transferidas até o fim deste mês.
Vânia ficou revoltada porque ligou na Enersul e a concessionária teria informado que eles não podem reclamar porque a ligação de luz é irregular.
“Se não resolver, vamos invadir as casas da Emha”, avisou a auxiliar de cozinha Marina do Amaral, 29, que não se conforma com o atraso na retirada das famílias do local.
O cabeleireiro Ângelo Custódio dos Santos, 65, ressaltou que muitas mulheres estão com bebês e passam por sufoco porque não tem energia elétrica para amamentar as crianças durante a madrugada.
A auxiliar de serviços gerais Rosa Duarte, 60, contou que o filho foi internado duas vezes em decorrência das precárias condições de moradia na Favela Portelinha. “Queremos o nosso direito”, afirmou.
Duas viaturas da Polícia Militar estão no local e orientam o trânsito.
A vereadora Luiza Ribeiro (PPS) também foi ao local para se solidarizar com os manifestantes. “A Prefeitura não poderia fazer isso e vai ter que convencer a Enersul a religar a luz das famílias”, destacou a parlamentar.