Prefeitura avalia todo canal para conter estragos rotineiros no Rio Anhanduí
Em menos de um mês, margens do curso d'água perderam 65 metros da estrutura de contenção
“Pedaço do muro despenca”, “parede que segura córrego cai”, “erosão engole meio-fio”, “placas de concretos caem durante a chuva”. As manchetes são todas sobre estragos no canal do Rio Anhanduí e se repetem com o passar dos anos. A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) se agarra à esperança de encontrar solução definitiva após avaliação completa de toda a estrutura.
O último episódio de danos ao canal do rio ocorreu nesta terça-feira (10), quando 40 metros da parede de concreto em frente ao Shopping Norte Sul, na Avenida Ernesto Geisel, despencaram.
Há 21 dias, no mesmo ponto, mas na margem direita (sentido centro-bairro), aproximadamente 25 metros do muro já haviam desabado.
A Sisep trabalha nos reparos com recursos e operários próprios. Na margem direita, as placas serão recuperadas e reutilizadas na contenção. Na esquerda, a secretaria ainda avalia qual deve ser o procedimento.
No local durante a manhã desta quarta (11), o superintendente de Serviços Públicos da Sisep, Mehdi Talayeh, disse que as obras emergenciais custariam pelo menos R$ 500 mil se licitadas.
Conforme Talayeh, a queda dos 40 metros de estrutura, ontem, era esperada. “Ficou desestabilizada após as chuvas de duas semanas atrás. Dia após dia, a placa saía do prumo um centímetro, um centímetro e meio. Ficamos monitorando. Estava previsto que ia cair e ontem caiu mesmo”, resumiu.
De tão constantes, os problemas estruturais nas margens do Rio Anhanduí são esperados pela Sisep. “A gente estava até conversando na secretaria no mês passado: é fevereiro e não caiu nenhuma placa”, ironizou.
Análise - Titular da secretaria de obras, Rudi Fiorese aponta que o canal passará por uma avaliação completa, a partir do entroncamento da Ernesto Geisel com a Avenida Euler de Azevedo, onde o curso d’água ainda é o Córrego Segredo. Segundo ele, a licitação para contratar a análise está em fase de elaboração.
Fiorese detalha que os diferentes tempos de execução das paredes de concreto podem indicar soluções distintas para as margens do rio. O muro foi construído entre as décadas de 1970 e 1990.
“São situações diferentes que podem exigir soluções diferentes de um trecho para o outro, não só pelo tempo, mas pelo tamanho. Podem haver diversas soluções e vamos ver qual a melhor”, destacou.
Histórico - Em pesquisa no Campo Grande News, os relatos de estragos no canal do Rio Anhanduí preenchem diversas abas do navegador de internet.
Em abril de 2013, notícia dava conta de erosão na esquina da Avenida Ernesto Geisel com a Rua Xavier de Toledo, no bairro Taquarussu, que engoliu parte do meio-fio.
Em novembro de 2016, fotos mostravam deslizamentos e falta de guard-rails no local, que colocavam motoristas e pedestres em perigo.
Outubro de 2018 e parte das estruturas nos dois lados da contenção do Córrego Segredo cedeu após chuvas intensas.
Revitalização - Em meio aos problemas emergenciais provocados pelas precipitações de verão, o Rio Anhanduí passa por obras de revitalização de suas margens, começadas em 2018.
O projeto, já orçado em R$ 52 milhões, é de 2011 e está dividido em três etapas - entre as ruas Santa Adélia e Abolição; da Abolição até a Bom Sucesso; e da Bom Sucesso a Rua do Aquário. A primeira fase estava prevista para ser entregue em novembro do ano passado, o que não aconteceu.