Preso com arma para vingar morte de Rhennan já foi condenado por “ajudar amigo”
Em 2020, foi detido por tráfico de drogas e em audiência de custódia afirmou que cometeu o crime por “amizade”
Sentado diante do juiz plantonista do Fórum de Campo Grande, Adriano Silva da Costa, de 20 anos, preso por carregar um revólver calibre .357 para vingar a morte de Rhennan Matheus Oliveira Tosi, contou um pouco da sua vida antes de ouvir a decisão que o manteve na cadeia de forma preventiva. Essa não é a primeira vez que acaba detido, alega ele, “por amizade”. Em julho de 2020, foi flagrado transportando drogas com outros quatro homens e para o magistrado, afirmou que aceitou participar “para ajudar um amigo”.
Adriano foi preso em um posto de combustível da Rua Capibaribe, Jardim Petrópolis, na noite de quarta-feira (3). Ele ainda vestia a camiseta feita em homenagem a Rhennan, que estampava a foto do rapaz de 19 anos, assassinado a tiros nos altos da Avenida Afonso Pena na noite de domingo (31), e o último adeus na frase: "você foi um bom amigo e um ser humano incrível aqui na terra. Sua falta será sentida em nossos corações para todo o sempre. Descanse em paz".
Foi o nervosismo que entregou Adriano. Segundo o boletim de ocorrência, policiais militares que faziam fiscalização no posto de combustível notaram quando o rapaz correu para dentro da conveniência do local e o seguiram. Flagraram ele tentando esconder o revólver em um engradado de cerveja.
Como não tinha porte de arma e ainda estava com mandado de prisão em aberto, justamente pelo tráfico de 2020, acabou preso. Na delegacia, revelou ter pago R$ 4 mil no revólver para vingar a morte do amigo e assassinar Jhonny de Souza da Mota, de 25 anos, autor confesso dos tiros que mataram Rhennan.
Apesar da afirmação feita por Adriano a polícia, Jhonny está preso pelo crime desde segunda-feira (1°). Ele também passou por audiência de custódia, confessou o assassinato e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. O dono da arma usada no homicídio, Diego Laertes Vieira Vasconcelos, de 23 anos, também foi detido e teve a preventiva decretada por emprestar o revólver para o amigo.
Também levado a Justiça, Adriano contou que mora com a esposa e o filho, de pouco mais de 1 ano, no Bairro Dom Antônio Barbosa. Explicou que trabalha como servente de pintor e faz bicos para complementar a renda, de R$ 1.100 por mês. Quando perguntado qual a última vez que trabalhou, respondeu naturalmente. “Tava trabalhando agora, só parei para enterrar meu amigo”.
Depois da afirmação, Adriano contou que já foi preso e condenado no artigo 33 da Lei Antidrogas, ou seja, transportar drogas.
Já teve passagem pela polícia” - pergunta o juiz.
“Tive senhor” - responde Adriano.
“Por quê?” - questiona.
“33, fui ajudar meu amigo” - afirma o preso.
O tráfico - Em julho do ano passado, Adriano dirigia um Fiat Strada carregado de maconha, cerca de 600 quilos, quando foi parado por policiais que fiscalizavam a BR-060. Ele tentou fugir em alta velocidade, foi alvo de tiros de alerta e só então parou. Acabou preso em flagrante por um ano e dois meses no regime fechado, até ser condenado a 5 anos e seis meses, no regime semiaberto, pelo crime.
Com a sentença, ganhou a progressão de regime. Saiu do presídio de regime fechado e começou a cumprir pena no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, onde deveria ficar apenas durante as noites. Em agosto, no entanto, saiu na unidade e não voltou mais.
Durante a audiência de custódia, afirmou que não voltou para o presídio para ficar com o filho, que estava fazendo aniversário. “No dia que eu quebrei, no dia seguinte, ia ser o aniversário do meu filho, eu não tinha visto ele ainda, não estava tendo visita”, afirmou.
Ao definir a prisão preventiva, o juiz Luiz Felipe Medeiros Vieira levou em consideração o histórico de Adriano e os motivos que o levaram a comprar a arma e, por isso, decretou a prisão preventiva do rapaz. Os dois casos, o porte de arma e o assassinato de Rhennan, seguem em investigação.