Preso em MS, ex-PM acusado de matar Marielle Franco é condenado por contrabando
Sentença refere-se às apreensões de peças para montar 117 fuzis, encontradas em um casa no Rio de Janeiro
O ex-policial militar Ronnie Lessa foi condenado a seis anos e oito meses de prisão, em regime semiaberto, pelo crime de contrabando de peças e acessórios de armas de fogo. Atualmente, ele está detido na Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, onde aguarda julgamento pela acusação de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em 2018.
A pena foi imposta pela Justiça Federal do Rio de Janeiro e refere-se às apreensões de peças capazes de montar 117 fuzis, encontradas em uma casa no Rio em 2019. À época, a Polícia Civil afirmou acreditar que Ronnie Lessa seria o dono dos objetos. Como ainda há acusação pendente pelos homicídios, ele continua preso.
Segundo a acusação apresentada pelo MPF (Ministério Público Federal), Ronnie fez 10 importações ilícitas de peças e acessórios bélicos entre 2017 e 2018. O material poderia ser usado para montar fuzis, armas de airsoft e de pressão a gás. Mas a Justiça só confirmou como passíveis de condenação quatro dessas importações, por considerar que não há provas suficientes nos outros seis casos.
Responsável pela decisão, a juíza Fernanda Resende Djahjah Dominice destacou que Lessa era policial militar e deveria combater e evitar a prática de crimes, além de ter "completa ciência da necessidade de autorização prévia da autoridade competente para o ingresso desse tipo de material em território nacional, e mesmo assim optou por importá-los ilegalmente”.
“As consequências do delito também são especialmente graves. Todo elemento probatório coligido aos autos denota que o acusado importava tais componentes com o objetivo de efetuar a montagem de armas de fogo que seriam inseridas na clandestinidade, o que afeta e coloca em risco milhares de pessoas, representando uma grave ameaça à segurança pública”, acrescentou a juíza.
A filha do ex-policial, Mohana Figueireiro Lessa, também respondia ao processo, acusada de participar de três das dez importações. Ela morava nos Estados Unidos e, segundo o MPF, teria recebido em casa os artefatos comprados pelo pai na internet. Ela trocaria a embalagem dos produtos e os mandaria para o Brasil, sem indicar com precisão o conteúdo da encomenda.
A Justiça, no entanto, decidiu absolver Mohana de todas as acusações, por entender que não há provas suficientes do conhecimento dela sobre o crime, “sendo plenamente possível imaginar que seu pai, repita-se, à época policial militar, estivesse legitimado a fazer tais importações”.
Desde 2020, Lessa foi transferido para o presídio em Campo Grande. Aqui, ele já foi alvo de duas operações da PF (Polícia Federal) referente ao caso que culminou nessa condenação. Além dele, o ex-policial Élcio Queiroz também aguarda julgamento pela morte de Marielle Franco e Anderson Gomes. (Com informações da Agência Brasil).
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