Preso por coagir testemunhas no caso Marquinhos Trad é solto com tornozeleira
Ex-servidor da Prefeitura de Campo Grande teve prisão revogada e liberdade com medidas cautelares
O ex-servidor da Prefeitura de Campo Grande, Victor Hugo Ribeiro Nogueira da Silva, de 36 anos, teve prisão preventiva revogada e foi liberado com o uso de tornozeleira eletrônica. Ele foi preso no dia 31 de agosto do ano passado, após tentar coagir vítimas que denunciaram o ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD), investigado por denúncias de assédio sexual.
Victor foi indiciado pelos crimes de favorecimento da prostituição e coação no curso do processo. Conforme a decisão da juíza da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, Eucélia Moreira, o ex-servidor será monitorado por 180 dias e está proibido de ter contato ou se aproximar de alguma das vítimas.
Victor Hugo também foi proibido de deixar a Capital sem autorização da Justiça e tem que estar em casa de segunda a sexta-feira, das 20h às 5h, e aos sábados, a partir das 14h. Já nos domingos e feriados não poderá sair da residência. Os detalhes estão no Diário da Justiça desta quinta-feira (23).
O ex-servidor ocupou cargos em comissão no Executivo municipal de março de 2017 até 8 de julho do ano passado, quando foi exonerado a pedido. Neste intervalo, passou pela Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos, sob o comando de Ademar Vieira Júnior, o Junior Coringa (PSD), que hoje é vereador, chegou a ser lotado na Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e trabalhou como “gestor de projetos” no gabinete do prefeito.
O último pagamento que recebeu do município, em julho do ano passado, foi de R$ 5.784,63, com os descontos. Ele também responde a vários processos judiciais. Na área criminal, é acusado de furto e estelionato.
Investigação - Duas vítimas relataram que, no dia 18 de julho de 2022, foram procuradas pelo ex-servidor. Ele disse que tinha um 'negócio' bom para elas e que envolvia dinheiro, mas precisava falar pessoalmente em seu lava-jato. No dia 22, eles se encontraram e ele mandou que as mulheres desligassem os celulares e deixassem as bolsas para fora do escritório.
Durante a conversa, o ex-servidor falou para as vítimas "deixarem para lá" a denúncia, já que tinham família, amigos e filhos e que a investigação demoraria dois anos no mínimo, não daria em nada e ainda exporia a imagem delas. Ainda segundo as mulheres, a conversa do ex-servidor era intimidadora.
Imagens da época mostravam quando o ex-servidor chegava ao cartório com uma das vítimas que era coagida para mudar a versão de seu depoimento. O caso segue em segredo de Justiça.