Previdência do município abrirá "caixa preta" das contas a vereadores
Vereadores da Capital aguardam até a próxima quinta-feira (26) os livros fiscais com todo o movimento contábil dos últimos sete anos, realizado pelo IMPCG (Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande). O prazo foi dado pela comissão parlamentar designada para investigar suspeita de fraude e desvios financeiros que podem chegar a R$ 300 milhões na previdência do Município.
Ao Campo Grande News, o ex-deputado Lauro Davi, que está à frente do Instituto desde o início do ano, adiantou que o prazo requerido pelos seis vereadores que compõem a comissão deve ser cumprido. "Desde que chegou o ofício, em 11 de janeiro, estamos mobilizados e no que depender da gente será possível entregar tudo", afirmou. A maior dificuldade encontrada, segundo ele, refere-se aos anos de 2010 e 2011, quando os arquivos ainda não eram digitalizados.
Dentro do instituto, quatro funcionários separam os livros fiscais solicitados, de 2010 a 2016, e mais de 12 caixas já ocupam uma das salas. Dentro das caixas, cópias dos documentos são empilhadas e, ao final, tudo será enviado para a Câmara Municipal.
Na casa de leis, o passo seguinte, será auditar cada um dos documentos apresentados. Para tanto, a Comissão Especial para Acompanhamento e Reestruturação do IMPCG, criada em 1º de janeiro, deve se reunir durante a semana para traçar a metodologia e cronograma de trabalho.
Entre os seis integrantes, o único veterano, Lívio Leite (PSDB), informou à reportagem que devem pedir auxílio à assessoria contábil do legislativo municipal. Questionado se esta Comissão Especial poderá a se tornar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar supostos crimes, o tucano responde: "Sim, não está descartado, mas isso dependeria da votação dos vereadores". E a primeira sessão ordinária de 2017 acontece só em 15 de fevereiro.
"Vamos programar nossas ações mediante a apresentação desses relatórios", finalizou Lívio Leite. O grupo tem ainda como presidente e relator os enfermeiros vereadores Hederson Fritz (PSD) e Cida Amaral (PTN). Também participam Jeremias Flores (PT do B), Francisco Veterinário (PSB) e William Maksoud (PMN).
Como já reportado, objetivo é auditar as contas previdenciárias do município, frente a indícios de irregularidades que apontam perdas na ordem de R$ 300 milhões. A gestão anterior afirma que o déficit na arrecadação é o causador do "sumiço" do dinheiro.
No início de dezembro, reportagem denunciava que médicos, psicólogos e outros profissionais de saúde estavam deixando de atender pacientes do IMPCG. A justificativa dada pelos credenciados aos servidores municipais e seus dependentes era que a autarquia administrada pela prefeitura atrasa constantemente os pagamentos pelas consultas, procedimentos e tratamentos realizados. Conforme a administração, são mais de 26 mil beneficiários.