Prisão de maníaco traz alívio, mas vítimas ainda precisam lidar com o trauma
Adolescente e duas mulheres estiveram na Deam para fazer o reconhecimento de José Carlos de Santana Júnior
A prisão de José Carlos de Santana Júnior, 37 anos, o “Maníaco do Parque das Nações”, trouxe alívio para três das quatro vítimas recentes do homem, mas ainda assim elas agora precisam lidar com os traumas dos ataques estupros cometidos por ele que foi alvo da operação Incubus, deflagrada pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) na tarde de segunda-feira (2).
Ao Campo Grande News, a adolescente de 14 anos contou que foi perseguida por Júnior Santana no final da tarde do dia 14 de setembro. Acompanhada pela mãe, vendedora de 33 anos, ela relatou que voltava da academia quando percebeu que estava sendo seguida.
“Ele estava falando ao telefone e quando olhei para trás e vi que estava sendo seguida, corri para a casa da minha tia. Foi horrível. Senti muito medo, poderia nem estar viva hoje. Eu liguei para minha mãe e viemos para delegacia”, disse a adolescente.
A menina ainda afirmou que ficou uma semana inteira sem conseguir sair de casa e que agora todo homem que passa por ela sente medo e sempre que fecha o olho lembra da perseguição. “Eu fiquei aliviada com a prisão, mas ainda sinto muito medo. Só não estou mais abalada porque ele não encostou em mim. Não saio mais de casa sozinha, tem sempre alguém comigo agora”, disse.
Já no dia 22 de setembro, babá de 20 anos acabou sendo estuprada por Júnior. Ela contou que seguia pela Avenida Afonso Pena por volta das 7h quando ouviu o homem falando ao telefone e pensou ser um assalto. “Eu estava de fone de ouvidos e ele falava muito palavrão. Quando olhei para trás, ele me mandou virar para frente e disse que estava com uma faca. Seguimos até um ponto de ônibus e ele disse que eu estava com sorte pois só passaria a mão em mim”, relatou.
No entanto, após passar a mão na jovem, Júnior afirmou que não estava satisfeito e decidiu levá-la até seu carro, onde cometeu o estupro. “Ele disse que não estava satisfeito ainda e que já tinha sangrado outra mulher antes de mim. Fiquei com medo. Ele disse que estava com uma faca, não dava para duvidar. Não consegui nem pedir socorro, porque ele me mandou ficar de cabeça baixa”, contou a babá.
Segundo ela, ao chegar no veículo Volkswagen Gol, Júnior mandou que ela fizesse sexo oral nele e passou a dar tapas em seu rosto. “Me dizia que era pra eu ficar quieta que me soltaria depois que me estuprasse. Depois que terminou, abriu a porta do carro e eu saí andando em choque, não conseguia fazer mais nada. Pensei em me mudar de casa por medo”, explicou a jovem.
Para a babá, a prisão de Júnior também significou um alívio, no entanto, ela ainda tem medo e nojo quando lembra de tudo o que aconteceu. “Eu fiquei com medo de denunciar, só pensei em mudar meu visual. Sinto muito nojo. A prisão é um peso a menos, mas não diminui tudo o que sinto depois do que aconteceu”, pontuou a jovem.
A terceira vítima que falou com a reportagem foi a técnica de enfermagem de 41 anos. Ela foi abusada por Júnior em 2021, mas não soube precisar a data. Na ocasião, ela contou que estava grávida de seis semanas e sentiu muito medo de morrer.
“Eu pensei ser um assalto. Ele falava ao telefone quando me abordou. Me puxou pelo cabelo e me levou para o carro. Tirou minha calça e fez sexo oral em mim. Eu gritava para ele porque não queria perder meu filho. Pensei que ia morrer”, relatou a mulher.
Em dado momento, ela afirmou que daria a ele o que ele queria, foi então que Júnior se afastou e foi embora. “Corri para casa, tomei banho e fui para o hospital tomar os remédios. Só depois decidir ir até a delegacia. Quando fiquei sabendo que ele foi preso, corri aqui para fazer o reconhecimento. É um alívio, mas o medo fica”, pontuou.
Todas as vítimas reconheceram Júnior como sendo o autor dos ataques e acabaram saindo da delegacia bastante emocionadas.
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