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Capital

Problema crônico, postes que comportam 5 cabos tem dezenas de "fios mortos"

Empresas de telefonia e internet não retiram cabos quando encerram contrato com clientes ou atualizam fiação

Thays Schneider | 19/04/2023 09:33
Um dos postes que tem mais de cinco fios, o que não é permitido (Foto Alex Machado)
Um dos postes que tem mais de cinco fios, o que não é permitido (Foto Alex Machado)

Fios baixos e soltos expõem população ao risco nas ruas de Campo Grande e muitas vezes acaba com o fornecimento de serviços essenciais, como internet. O problema é persistente em bairros, independente da condição financeira dos moradores. O fato é que não há manutenção alguma.

O engenheiro eletricista Maycon Venturato, 36 anos, foi convidado pelo Campo Grande News para analisar o problema e apresentar algumas soluções que já deram certo em outros lugares. Acidente, quedas de energia, choques e sinais de telefone e internet comprometidos são consequências do problema.

O passeio começa pela Rua Cacildo Arantes, na Chácara Cachoeira, ponto de vários fios soltos e pendurados. "O grande problema é a falta de suporte. A maioria dos postes cedidos pela Energisa para receber a instalação das operadores telefônicas e rede de internet não suporta mais a demanda. Cada um pode ter no máximo cinco cabos de rede, mas na prática isso não acontece", revela o engenheiro.

Engenheiro Maycon Venturão explica sobre as soluções que podem ser tomadas (Foto Alex Machado)
Engenheiro Maycon Venturão explica sobre as soluções que podem ser tomadas (Foto Alex Machado)

A fiscalização também parece não ocorrer. As operadoras abandonam os fios e "fica por isso mesmo. A obrigação de fiscalizar seria da empresa que cede os postes", diz Maycon.

E essa deficiência vai piorando junto com o crescimento da cidade e maior oferta de serviços. Na Rua da Paz, por exemplo, entre a Rua Goiás e Alagoas, a estrutura que comportaria 5 fiações complexas, tem 27, além de 7 fios arrebentados.

"O que de fato acontece é que moradores e empresas trocam de operadora. A empresa contratada coloca o novo cabo, mas a empresa anterior não faz a retirada e vai se acumulando fios 'mortos', empresas negligenciam o trabalho final de retirada", detalha.

Além de causar acidentes, um cabo ou fiação chega até o chão e deixa Campo Grande com poluição visual que cresce ano a ano. A melhor saída seria a rede subterrânea, mas pelo preço a transformação demoraria muito. No entanto, há outras formas de cobrar a resolução.

Postes já foram levados por caminhões enroscados nos emaranhados de fios. (Foto: Arquivo)
Postes já foram levados por caminhões enroscados nos emaranhados de fios. (Foto: Arquivo)

Segundo o engenheiro, uma das soluções seria a utilização de uma ou duas empresas detentoras dos cabos de fibra ótica que sublocassem a estrutura para as demais operadoras, ou seja, uma ou duas empresas investem em infraestrutura (cabos de fibra óptica) e locam para oito, nove, dez ou mais empresas de internet, uma vez que apenas cinco empresas podem ocupar um poste.

Outra solução seria um melhor acompanhamento da Energisa, para que somente empresas de internet homologadas ocupem sua infraestrutura com o devido projeto de engenharia aprovado, seguindo as normas técnicas de engenharia e segurança.

Dessa forma, os postes ficariam menos lotados de fiação, mas em contrapartida haveria uma quantidade menor de empresas de internet fornecendo o serviço em uma determinada região.

Fios abandonados pelas operadoras criam cenário de abandono na cidade. (Foto Alex Machado)
Fios abandonados pelas operadoras criam cenário de abandono na cidade. (Foto Alex Machado)

Diariamente, o Campo Grande News divulga matéria em que fios são arrebentados por caminhões ou até mesmo se soltam por estarem desgastados.

Uma pesquisa feita pelo site mostra que, em Campo Grande, 78% dizem morar em bairros que sofrem com fios soltos. Apesar da Lei Complementar n° 348, de 2019, prever penalidade de R$ 500 para empresas que deixam fios soltos pela cidade, é possível observar pelas ruas da Capital, e pelos relatos de leitores, que a lei não está sendo cumprida.

O Campo Grande News entrou em contato com a Energisa, na segunda-feira passada, e com as empresas de telefonia Tim, Claro, Oi e Vivo, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.



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