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Capital

Projeto vai às escolas para identificar depressão e outros transtornos

Intenção é evitar que determinados quadros entre estudantes cheguem a suicídios

Mayara Bueno e Kleber Clajus | 20/08/2018 10:02
Alunos do 3º ano assistem aula na Escola Municipal Danda Nunes, no reinício das aulas, em agosto deste ano. (Foto: Mirian Machado/Arquivo).
Alunos do 3º ano assistem aula na Escola Municipal Danda Nunes, no reinício das aulas, em agosto deste ano. (Foto: Mirian Machado/Arquivo).

Projeto chamado "Direitos Humanos pela Valorização da Vida" vai às escolas municipais de Campo Grande para identificar quadro de depressão ou outros transtornos mentais entre crianças e adolescentes. A medida tem o objetivo de tentar impedir que os casos cheguem ao suicídio - Mato Grosso do Sul é um dos estados que mais registra o caso no Brasil.

A proposta é lançada nesta segunda-feira (dia 20) durante evento no Instituto Mirim. O grupo será composto por um advogado especialista em direitos violados, assistente social, psicólogo e psicopedagoga. A coordenação será do teólogo Marco Antônio de Moraes.

"Nós vamos entrar em uma sala de aula tentando identificar esses alunos que precisam de ajuda, seja ela de saúde ou assistência social". Cada instituição de ensino terá a presença do grupo multidisciplinar entre quatro e cinco meses.

Ele explicou que, muitas vezes, as palestras sobre o assunto só pulverizam o assunto, mas não conseguem trazer medidas efetivas para o estudante que passa por um momento difícil.

Como piloto, a primeira escola a receber o grupo será a Lúcia Martins Coelho. Paralelamente, o projeto vai nas instituições municipais de ensino Isauro Bento, no distrito de Anhanduí, Maestro João Corrêa Ribeiro, no Jardim Campo Novo, e Major Juca Pirama, que fica dentro da Base Aérea de Campo Grande.

Segundo a superintendente de gestão da Semed (Secretaria Municipal de Educação), Alelis Isabel de Oliveira, as escolas municipais que vão receber o projeto, neste primeiro momento, são instituições que já eram monitoradas em virtude de casos de depressão e conflintos escolares.

Ela afirma que, junto com o trabalho dentro da instituição, é fundamental o acompanhamento dos pais, que devem notar se os filhos estão mais isolados ou apresentam algum tipo de comportamento atípico de criança ou adolescente.

Os alunos vão passar por palestras e também acompanhamento individual, tudo para que o estudante se sinta incentivado a compartilhar as emoções e conflintos internos. Não a toa, um dos lemas da campanha é "uma dor compartilhada dói menos".

Prefeito Marquinhos Trad, à direita, discursa durante evento, ao lado do subsecretário de Direitos Humanos, Ademar Vieira Júnior, e a superintendente Alelis Isabel de Oliveira. (Foto: Kleber Clajus).
Prefeito Marquinhos Trad, à direita, discursa durante evento, ao lado do subsecretário de Direitos Humanos, Ademar Vieira Júnior, e a superintendente Alelis Isabel de Oliveira. (Foto: Kleber Clajus).

Realidade triste - Mais do que discutir o tema, os números de suícidio em MS assusta. Dados do Ministério da Saúde, divulgados em setembro passado - mês dedicado à prevenção -, apontam taxa de mortalidade entre os homens maior do que a média nacional. No País essa taxa é de 8,7 a cada 100 mil habitantes, e no Estado, é de 13,3.

O mesmo levantamento mostrou que tirar a própria vida é quarta maior causa de morte entre homens jovens. A questão já é hoje uma das maiores preocupações da OMS (Organização Mundial da Saúde), que alerta para o avanço não só do suicídio, mas das doenças como depressão e ansiedade. Em todo o planeta, 800 mil pessoas tiram a própria vida todo ano.

Dados do Corpo de Bombeiros de MS, em junho deste ano, também apontaram um quadro triste. Em 1 ano, a corporação atendeu 925 tentativas de suicídio, dos quais 50% das vítimas eram crianças e jovens entre 10 e 19 anos. O número pode ser bem maior, pois segundo a OMS, a cada caso registrado, cinco são subnotificados.

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