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Capital

“Quem me conhece sabe”, diz influencer procurado por morte

Manolo, organizador de "randandandam" fatal, não deu esclarecimentos à polícia, mas segue fazendo posts

Por Anahi Zurutuza | 03/06/2024 15:30
Postagens de Manolo após acidente fatal (Foto: Reprodução)
Postagens de Manolo após acidente fatal (Foto: Reprodução)

Procurado pela Polícia Civil para ser ouvido sobre o acidente que matou Nicholas Yann dos Santos de Jesus, de 20 anos, no Autódromo Internacional de Campo Grande, neste fim de semana, o influenciador digital Rodolfo Manolo, 40, que organizou o “randandandam” fatal, segue ativo nas redes sociais.

Ainda ontem, ele apagou as postagens que chamavam para o evento, e hoje, por volta das 11h30, postou foto nos stories do Instagram com a legenda: “Que Deus ilumina e conforta todos nós [sic]”.

Até o momento, contudo, não apareceu em delegacia para dar explicações. “O organizador não foi localizado, mas as equipes estão em buscas”, informou a Polícia Civil às 14h28 desta segunda-feira (3), via assessoria de imprensa.

Dono de página com 100 mil seguidores, Manolo também se manifestou, na tarde deste domingo (2), com frase que não sai da boca de quem ganha a vida como criador de conteúdo digital. “Vou falar nada hoje a respeito. Quem mi conhece sabe do meu coração [sic]”, afirmou nos stories. Ele ignorou todas as tentativas de contato da reportagem.

O delegado Felipe Madeira, plantonista da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Cepol (Centro Especializado de Polícia Integrada), o influencer responderá por homicídio com dolo eventual (quando alguém assume o risco de matar), já que promoveu festa clandestina, segundo a polícia, no autódromo. Ele também será investigado por descaracterização da cena do crime, já que mandou retirar do local a motocicleta que Nicholas usava quando sofreu acidente.

Segundo explicou o delegado, a equipe de plantão foi acionada para atender a ocorrência por volta das 4h de ontem. Enquanto a viatura chegava, funcionários da organização foram surpreendidos “guinchando” a motocicleta de Nicholas antes do trabalho dos peritos ser feito.

Manolo é conhecido promover eventos automobilísticos e de manobras com motocicletas, segundo Madeira. O delegado lembrou ainda que o influencer é o mesmo responsável por evento na Avenida Afonso Pena que terminou no atropelamento de um policial militar, em fevereiro deste ano.

“É um indivíduo que já tem histórico de acidentes graves em seus eventos e continua, não sabemos como, realizando esses eventos. Desta vez, infelizmente, a falta de responsabilidade resultou diretamente na morte de um jovem de 20 anos”, disse em coletiva de imprensa nesta domingo.

A polícia vai apurar ainda se há outros responsáveis pela morte. Banner de divulgação traz três contatos para “informações”.

Moto da vítima ficou completamente destruída (Foto: Marcos Maluf)
Moto da vítima ficou completamente destruída (Foto: Marcos Maluf)

Acidente – Conforme boletim de ocorrência, o evento foi organizado por Manolo e por homem identificado como “dono do autódromo”, de nome João Pedro. A festa reuniu cerca de 2 mil pessoas e os motociclistas faziam manobras perigosas sem usar capacetes.

Ainda conforme o registro, socorristas particulares, contratados pela organização, foram quem prestaram atendimento a Nicholas. Conforme relatado por um dos profissionais, ao chegarem à pista de corrida, três pessoas estavam caídas no chão.

Nicholas tinha sinais vitais, foi mobilizado, colocado numa maca e seria transportado numa caminhonete Volkswagen Amarok, que servia de ambulância, até a Santa Casa. Mas, testemunhas chamaram o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que interceptou o veículo na BR-262. O jovem morreu na rodovia antes de ser transferido de ambulância.

Pista para "arrancadões", local escolhido para festa com som alto, bebedeira e manobras perigosas em veículos, segundo descreveu a polícia em boletim de ocorrência (Foto: Geniffer Valeriano)
Pista para "arrancadões", local escolhido para festa com som alto, bebedeira e manobras perigosas em veículos, segundo descreveu a polícia em boletim de ocorrência (Foto: Geniffer Valeriano)

Outro lado – Ao Campo Grande News, João Pedro diz ser “neto do proprietário do local”. “A gente aluga o espaço para o pessoal fazer o evento”, afirmou, embora o boletim de ocorrência o aponte como um dos organizadores e banners da divulgação do evento também.

Ele afirmou ainda que “nenhum evento no autódromo é feito ilegalmente”, apesar da Prefeitura de Campo Grande informar que a festa não tinha alvará para ser realizada. “A gente paga aí mais de R$ 50 mil de licença de bombeiro, de polícia anual. Tem contrato, tem tudo, tudo, tudo. A gente nunca teve um evento ilegal lá dentro, tá?”, disse à reportagem por áudio de WhatsApp neste domingo.

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