Retirada de fachadas de lojas evidencia perigo à vista no Centro
Quem passa pelo centro de Campo Grande, principalmente na altura da avenida Afonso Pena, entre as ruas 14 de Julho e Rui Barbosa, há algum tempo repara que as fachadas das lojas estão diferentes. E entre os consumidores, as opiniões se dividem em relação ao projeto Reviva Centro, que padroniza a frente dos estabelecimentos comerciais. Enquanto uns acham que a ideia veio para deixar a região comercial mais bonita, outors torcem o nariz para as lojas que ainda não reformaram a fachada e muitos reclamam do perigo à vista, com fios desencampados.
“Está horroroso”, declara a recepcionista Juliely Salvian dos Santos, 22 anos, sobre a aparência que a maioria das lojas traz por enquanto. Além da estética, a jovem aponta também os fios ligados aos postes e às lojas, dos quais alguns estão caídos e outros emaranhados.
O presidente do Sindicato de Engenheiros de Mato Grosso do Sul, o engenheiro civil Edson Shimabukuro, afirma que o problema realmente existe. “O perigo está no caso de algum fio desencapado esbarrar em outro e provocar um incêndio, ainda mais com esse tempo chuvoso”, alerta Edson.
“A maioria dos estabelecimentos, principalmente da 14 de Julho, é muito antiga, então é normal precisarem de reforma”, pontua o engenheiro.
Ele explica que o perigo apareceu quando foram retiradas as placas que traziam os nomes das lojas. “O acrílico sustentava a estrutura, agora, sem ele, corre o risco do revestimento das paredes cair”, enfatiza.
De acordo com o engenheiro, as paredes dos prédios de antigamente eram feitas de tijolo maciço e assentadas com cal e areia. “A pintura também ajuda a sustentar o reboco, então, quando gasta, infiltra água, aparece rachadura, e corre o risco de cair”, explica.
A operadora de caixa Flávia Tomazia, 30 anos, acha que deveria ter um planejamento melhor para a retirada das fachadas. “A ideia é boa, mas o centro ainda está feio e também dá medo de andar nas calçadas com os fios soltos, esses ferros aparecendo, parece que pode cair tudo a qualquer momento”, diz.
Uma das fachadas observadas por Edson, a da Bumerang, ainda não ganhou reforma. A gerente da unidade, Seigra Oliveira, garante que um engenheiro vistoriou o estabelecimento e fez o reboco da laje. “Aqui não tem perigo de cair, já conferimos isso. Agora só falta raspar a tinta velha e pintar de novo”, afirma, frisando ainda que a reforma já está chegando e com novidades.
Quem fiscaliza? - Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, a responsabilidade de qualquer imprevisto com as fachadas das lojas é de cada comerciante. À Semadur compete apenas fiscalizar se os proprietários estão cumprindo o prazo de retirada das fachadas.
Por meio da assessoria de imprensa, a Enersul informou cada loja tem um par de fio que sai do poste público para o padrão do estabelecimento. Em relação a isso, a empresa de energia elétrica garante que está tudo correto e que há fiscalização permanente.
Ainda segundo a assessoria, o serviço se resume a ligar o cliente à rede de energia.
Embora não tenha o dever de fiscalizar as possíveis irregularidades em algumas, o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) confirmou que irá mandar uma equipe de fiscais para verificar a situação das lojas no que foram obrigadas a retirar as fachadas e ver o que podem fazer para orientar os comerciantes, já que o órgão não tem competência para punir.