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Capital

Rio levou Rafaela e o sonho de ser bailarina, contam avós na despedida

Menina de 10 anos morreu afogada no fim da tarde de domingo (8)

Anahi Zurutuza e Bruna Kaspary | 10/10/2017 11:28
De costas, avó recebe abraço de familiares em velório (Foto: André Bittar)
De costas, avó recebe abraço de familiares em velório (Foto: André Bittar)

Rafaela Ulhmann Delgado, de 10 anos, era a caçula de três irmãos e morava com a avó no Jardim Colorado, próximo ao Rio Anhanduí, em Campo Grande. Menina alegre, apesar dos pesares, ela é lembrada pelo bom comportamento e também pelas boas notas na escola, mas, principalmente, pelo maior desejo: se tornar bailarina.

“Ela adorava dançar, ela fazia ballet, o sonho dela era ser dançarina”, contou o avô Osvaldo Esteves, de 53 anos, na sala da igreja onde a família se despede da garota.

A avó Mariza da Graça, 50 anos, lembra que a neta a esperava acordada todos os dias para mostrar os novos passos que havia aprendido na aula de ballet da escola. A avó relata ainda que cansada do trabalho, chegava em casa às 23h e assistia atenta a apresentação particular.

O destino de Rafaela foi interrompido no fim da tarde deste domingo (8), quando a criança decidiu se lavar nas águas do rio que foi companheiro dela a infância inteira. A tragédia decretou do fim também do sonho dos avós de ver a menina crescer e brilhar nos palcos.

Bombeiros na beira do rio após tentativa de salvamento (Foto: André Bittar)
Bombeiros na beira do rio após tentativa de salvamento (Foto: André Bittar)
Desespero do avô ao saber da morte da neta (Foto: André Bittar)
Desespero do avô ao saber da morte da neta (Foto: André Bittar)

“Eu lutei tanto para conseguir ficar com eles e agora acontece isso”, foi um das poucas frases que conseguiu dizer à reportagem no velório de Rafaela.

Sem dar detalhes, Mariza se referiu ao fato da mãe dos netos estarem na prisão e do paradeiro do pai ser desconhecido. “Apesar de tudo que eles passaram, ela nunca me deu trabalho”, comentou também sobre o bom desempenho de Rafaela na escola.

A avó conta que a neta saia sempre para brincar na rua de casa, não no rio. “Ela caiu de um pé de manga e foi se lavar”, relatou a avó.

Nesta manhã, a mãe de Rafaela foi escoltada até o local da despedida, pôde ficar pouco mais de uma hora no local e voltou ao presídio.

Um das amigas que brincava com a menina no dia da tragédia também apareceu no velório. “As meninas estão em choque”, afirmou o avô.

O sepultamento de Rafaela foi às 10h, no Cemitério Santo Amaro.

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