Sem chefe e com reforma agrária parada, Incra é invadido pela 2ª vez no mês
Sem chefe e sem condições de retomar a reforma agrária em Mato Grosso do Sul, o prédio do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) foi invadido pela segunda vez no mês. Na manhã de hoje, dois movimentos de sem-terra ocuparam o órgão, localizado no antigo Shopping Marrakech, no Jardim dos Estados, em Campo Grande.
Cerca de 350 famílias do MAF (Movimento da Agricultura Familiar) e do MSTB (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra Brasileiros) invadiram o prédio na manhã desta terça-feira (12). É a segunda invasão do órgão neste mês.
O mesmo protesto levou o MST (Movimento dos Sem-Terra) a invadir o Incra na semana passada. O movimento até participou de uma marcha junto com a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e outros movimentos sociais.
Segundo o presidente do MSTB, Vanildo Elias de Oliveira, disse que a criação de novos assentamentos está parada há oito anos em Mato Grosso do Sul. “Infelizmente o PT, que nós apoiamos, não realiza a reforma agrária”, lamentou o dirigente.
Além da retomada da política de reforma agrária, os sem-terra apóiam a indicação de um nome indicado pelos funcionários para o cargo de superintendente do Incra. Celso Cestari entregou o cargo no final de abril.
Em carta, assinada pelo representante dos servidores, Daniel Tadao Yamamoto, eles apóiam a indicação de Celso Menezes de Souza para superintendente e a manutenção de Sidinei Ferreira de Almeida na função de superintendente substituto.
A principal justificativa é de que a reforma agrária está parada por causa de ações judiciais e das operações da Polícia Federal, que combateram a venda irregular de lotes no Estado. Só no ano passado, o órgão conseguiu o aval da Justiça Federal para retomar os assentamentos.
No período de três anos, Cestari só conseguiu desapropriar uma área, a Fazenda Nazaré, em Campo Grande.
Apesar da invasão, o Incra funcionou normalmente nesta terça-feira. Só no início da tarde, após atrito entre os invasores e uma comitiva do MST, a administração restringiu o acesso ao prédio para evitar tumulto.