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Capital

Sem novo contrato, Santa Casa não vai atender as vítimas de acidentes

Filipe Prado e Flávia Lima | 08/04/2015 10:37
Sem novo contrato, Santa Casa não vai atender as vítimas de acidentes

A Santa Casa deve reduzir as cirurgias de alta complexidade, referentes à ortopedia, caso a Prefeitura Municipal de Campo Grande não renove o contrato, que venceu ontem (7), após uma prorrogação por mais quatro meses. De acordo com o diretor-presidente da Santa Casa, Wilson Teslenco, o hospital pode parar em até 90% dos atendimentos em 30 dias, caso não haja solução para a crise. A instituição deve comprometer o atendimento às vítimas de acidente, no qual é referência no Estado.

Na manhã de hoje (8), Teslenco afirmou que terão que fechar grande parte do atendimento relacionado ao SUS (Sistema Único de Saúde), que corresponde a 80% dos 4.839 atendimentos mensais do hospital. “Nós conseguimos ficar abertos apenas mais um mês”.

O contrato, renovado em dezembro, encerrado ontem, previa um repasse de R$ 3 milhões, para o custeio das despesas mensais. Teslenco ainda pediu um acréscimo de R$ 1 milhão. A prefeitura afirmou que não irá custear o repasse sozinha, pedindo uma divisão igualitária do valor com o Estado.

“A situação ficou grave em 2013”, revelou o diretor-presidente, quando foi feito um empréstimo de R$ 84 milhões junto à Caixa Econômica Federal. “Ficamos sem o repasse e sem conseguir pagar o empréstimo”, alegou.

Teslenco assegurou que desde o ano passado ele tem se reunido com a prefeitura e o Governo do Estado para obter uma solução para a crise, mas desde fevereiro deste ano, ele não foi recebido por mais ninguém da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública). “Isto é uma crise velha, que se arrasta a anos. Tentamos de várias maneiras ter um entendimento, mas não tivemos resposta”, alegou o diretor-presidente.

O setor mais prejudicado com a crise é o de alta complexidade, que envolve a ortopedia. Atualmente são realizadas 2,5 mil cirurgias na Santa Casa, sendo 1,2 mil do setor, que é referência no Estado. “Caso haja cortes, estes serão os primeiros”, afirmou Teslenco. O hospital tem um teto de R$ 2,4 milhões, repassado pelo governo federal, para a realização dessas cirurgias, porém a Santa Casa tem um gasto mensal nesse serviço de R$ 3,1 milhões. Com os valores extrapolados desse teto, o hospital já acumula, nos últimos nove meses, R$ 6,6 milhões.

A vereadora Luisa Ribeiro (PPS), representante da Comissão da Saúde, compareceu ao hospital e garantiu que a Câmara de Vereadores não sabia sobre a gravidade do caso, já que a prefeitura alegava que “tudo estaria bem e estava sendo resolvido”. Ela sugeriu que uma audiência pública seja realizada na próxima sexta-feira para discutir o problema.

O secretário adjunto de Saúde, Lívio Viana de Oliveira Leite, afirmou que uma auditoria será realizada na Santa Casa, para esclarecer onde sendo aplicados os recursos repassados pelo governo, assim decidindo se irão aumentar o valor do custeio mensal, que hoje é de 820 mil.

Pacientes - Um grupo de cerca de 5 pacientes do setor de oncologia compareceu a reunião e alertou para os problemas relacionados ao encerramento de parte dos atendimentos e a falta de repasse. O setor é um dos mais caros, por conta do valor da medicação. "Vocês estão lutando por salários, nós estamos lutando pela vida”, apontou Gilberto Luiz Martinovski, paciente há mais de um ano.

Recursos - Atualmente, a Santa Casa recebe por mês R$ 18,5 milhões. Deste total, o Estado participa com R$ 1,5 milhões; o município contribui com R$ 4,2 milhões e o Ministério da Saúde libera R$ 13 milhões para pagar os procedimentos médicos realizados. Pelos cálculos da instituição, esta conta não fecha. Seu custo mensal, hoje seria em torno de R$ 19 milhões.

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