Sem qualquer policiamento, fila dupla vira regra em frente às escolas
Falta de fiscalização permite que situação se arraste há anos na Capital. E o caos só piora a cada dia
Sem qualquer fiscalização por parte dos agentes de trânsito – Agetran, Detran, Polícia Militar ou Guarda Civil Metropolitana – as filas duplas nas portas de algumas escolas particulares de Campo Grande já se tornaram um problemático hábito e fazem parte da rotina de pais que buscam seus filhos na hora da saída. Isso, somado ao fato de que a Capital sofreu um crescimento de 284,% em duas décadas em sua frota de veículos, transformou o trânsito de Campo Grande num caos generalizado, já que a cidade não se preparou para tal demanda.
O mau comportamento dos motoristas é frequente e não há motivo algum para receio, já que em frente às escolas, a ausência de fiscalização alimenta a impunidade. Muitos admitem a má conduta, o que gera risco aos alunos e tumultua o trânsito em horários de grande circulação de veículos.
Com raríssimas exceções por parte de alguns estabelecimentos que criaram via alternativa para embarque e desembarque de estudantes, a maioria das escolas não tem qualquer preocupação com a formação das filas duplas e apenas observam de longe a prática ilegal dos pais, que não contribuem em nada para a educação de trânsito dos filhos.
Os veículos de comunicação têm cobrado insistentemente uma solução para o problema, que é antigo e recorrente na Capital. Vira e mexe, o Campo Grande News denuncia a irregularidade. Quando isso acontece, também de forma excepcional, as autoridades enviam no dia seguinte agentes de trânsito para os locais apontados, que autuam um ou outro condutor em fila dupla. No dia seguinte, o problema volta a ser observado novamente, já sem qualquer policiamento ou campanha educativa.
"Bagunça organizada?" – O administrador Jorge Kalil, 56 anos, no momento em que a reportagem esteve em um desses locais na sexta-feira (dia 5), por volta do meio-dia, havia largado o carro no meio da rua para buscar o filho de 11 anos que estuda no Colégio Nota 10, localizado na Rua Goiás, no Jardim dos Estados. "Eu acredito que não tem como resolver esta situação. Se eu fosse procurar uma vaga para deixar o carro, teria que andar umas quatro ou cinco quadras. Aqui, na verdade, é uma bagunça organizada. Particularmente, acredito que os agentes não podem coibir 100%, pois sempre vai ter um pai para deixar ou buscar o filho. Sei que é errado parar em fila dupla, mas não tem onde estacionar ", disse Kalil, afirmando nunca ter sido autuado pela infração.
Na Rua Piratininga, na esquina com a Goiás, o trânsito encontrava-se praticamente parado e os condutores que tentavam atravessar tiveram que ter muita paciência. Uma fila dupla formou-se tomando uma das faixas até quase a proximidade do cruzamento com a Alagoas. Uma motorista, que preferiu não se identificar, aguardava a chegada da criança dentro do carro estacionado de forma regular. Ao tentar sair, se deparou com a caminhonete impedindo a passagem. "É uma vergonha. Isso sempre acontece aqui", lamentou.
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, para o condutor que descumpre as regras e para em fila dupla, a multa é de R$ 195,23 com perda de cinco pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Esse risco, Carolina Penteado, de 42 anos, não corre. Nossa equipe a seguiu até seu veículo, estacionado distante a pelo menos uma quadra da porta de entrada. "Sempre estaciono quando venho buscar as crianças. Faço isso há dez anos e, muitas vezes, tenho de dar várias voltas até encontrar uma vaga, mas é necessário. Afinal, se quero passar respeito e educação aos meu filhos, tenho que dar exemplo", comentou a advogada.
A poucos metros dali, na Escola Harmonia, situada na mesma Rua Goiás, a história se repete. Embora o fluxo não seja tão intenso, as paradas esporádicas são frequentes. No entanto, em outra unidade do grupo, a da Rua Alfredo Zamlutti, a reportagem recebeu pelo canal Direto das Ruas imagem de carros estacionados sobre a calçada.
A reportagem tentou falar com algum representante do Colégio Nota 10 para questionar sobre o assunto, mas funcionários informaram que não havia ninguém no momento. Um deles ainda informou que não há fiscalização por parte dos órgãos competentes há um bom tempo. Disse ainda que eles são orientados a não liberar o aluno ao responsável que parar em fila dupla na frente da escola. O Campo Grande News também solicitou entrevista à Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), mas não obteve retorno.
Direto das Ruas - As imagens chegaram ao Campo Grande News através do canal Direto das Ruas, meio de interação do leitor com a redação. Quem tiver flagrantes, sugestões, notícias, áudios, fotos e vídeos pode colaborar no WhatsApp pelo número (67) 99669-9563.
Clique aqui e envie agora uma sugestão.
Para que sua imagem tenha mais qualidade, orientamos que fotos e vídeos sejam feitos com o celular na posição horizontal.