Sem receber,médicos suspendem cirurgias e atendimento ambulatorial na Santa Casa
Pelo menos 300 pessoas deixarão de ser atendidas diariamente a partir desta quinta-feira no ambulatório e 30 cirurgias eletivas não serão feitas na Santa Casa de Campo Grande com a decisão dos 300 médicos prestadores de serviço de entrar em greve a partir de amanhã. Eles cobram o recebimento pelos serviços prestados em setembro que deveriam ter sido pagos até o últimom dia 10.
A direção da associação mantenedora do hospital, garante que ainda não pagou os médicos porque não tem em caixa os R$ 3 milhões necessários para honrar o compromisso com estes profissionais
“Não podemos fabricar dinheiro. O município não nos pagou os atrasados e até agora nem apresentou uma programação de quitação”,assegura em tom irônico o presidente da entidade,Wilson Teslenco.
A Santa Casa cobra da Prefeitura o recebimento de R$ 7,5 milhões referentes repasses dos meses de junho, julho e agosto. “Já foi pago o valor referente a setembro, R$ 19,750 milhões, que corresponde ao teto financeiro, os R$ 750 mil para amortização feito pela Santa Casa e mais R$ 3 milhões do extra-teto, R$ 500 mil a menos do que vinha sendo liberado”. Este recurso só foi suficiente para pagar a folha de pagamento dos funcionários e atender as despesas mais urgentes do hospital.
De acordo com o diretor-clínico da Santa Casa, José Mauro Filho, há meses os salários estão sendo depositados com atraso, mas em outubro não foi dada para a categoria uma previsão de pagamento. A paralisação foi comunicada na última sexta-feira ao Ministério Público Estadual (MPE) e Conselho Regional de Medicina.
Desde setembro do ano passado o contrato da Santa Casa vem sendo prorrogado sucessivamente por 30 dias porque as negociações com a prefeitura não chegavam a um bom termo. Estava prestes a ser renovado por cinco anos, mas no dia em que o documento seria assinado (25 de agosto), a Justiça determinou a volta de Alcides Bernal ao comando da Prefeitura.
Pelo acordo que estava sendo negociado, o município se comprometia a liberar R$ 3,5 milhões por mês além do teto-financeiro, com contribuição de R$ 500 mil do Estado. O teto, em torno de R$ 16 milhões, seria insuficiente para cobrir o custo operacional do hospital, em torno de R$ 19 a R$ 20 milhões por mês.
Até agora, quase dois meses de voltar ao cargo, o prefeito Alcides Bernal também não definiu uma propota. Limitou-se a prorrogar o contrato por mais 30 dias. Ele alega que as dificuldades financeiras do município inviabilizam o pagamento dos repasses em atraso.