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Capital

Sem saber da morte de namorado, vítima nega racha e confirma 3º carro

Luciana Brazil e Paula Maciulevicius | 03/04/2013 12:21
Letícia fala com dificuldades e confirma que o Celta estava no racha. (Fotos:Marcos Ermínio)
Letícia fala com dificuldades e confirma que o Celta estava no racha. (Fotos:Marcos Ermínio)

Internada na Santa Casa e respirando com a ajuda de aparelhos, a estudante Letícia Souza Santos, 23 anos, desmente que o namorado Marcus Vinícius Henrique de Abreu, 22 anos, condutor do Polo, estivesse participando do racha, e confirma a presença de mais um veículo.

Letícia garante que havia um Celta na disputa, que acabou em tragédia no domingo, na avenida Duque de Caxias, em Campo Grande.

Letícia ainda não sabe que o namorado faleceu no acidente, e com dificuldades para falar, a jovem pede a todo instante para ver Marcus, com que estava há um ano e já fazia planos para casar até o final de 2013.

A decisão de poupar a jovem da triste notícia, por enquanto, veio da família e da equipe médica, já que Letícia ainda está muito agitada. “Ela está depressiva e a gente achou melhor chamar um psicólogo quando for contar. Quando ela pergunta por ele, digo que ele está no CTI”, contou a mãe da estudante, Celina de Souza Gomes, 45 anos.

A estudante de turismo passou por uma cirurgia plástica, está com vários pontos pelo rosto e sente muita falta de ar. Ela negou que o namorado estivesse fazendo racha, como ainda investiga a polícia.

Indagada sobre a decisão em falar com a imprensa, ela salienta que a vontade é de defender o namorado. “Eu quero ter o direito de falar por mim e por ele. Ele está em coma e o estado dele é mais grave que o meu”, disse.

Letícia descreve o início da tragédia e diz que a última coisa de que se lembra do acidente, é o momento de agonia enquanto sangrava dentro do veículo. “Eu lembro que eu estava dentro do carro, sangrando e pedindo pelo meu namorado, porque ele foi lançado para fora do carro”.

A jovem explica que os motoristas do Celta e do C3 estavam fazendo racha, mas Marcus Vinícius não. “Era o celta vermelho e o C3 verde. Eles começaram o racha na altura do Gugu Lanches, na Afonso Pena. Eles começaram a fazer atos obscenos, mostrando o dedo”.

No primeiro momento, Letícia e o namorado chegaram a pensar que os jovens estivessem apenas brincando. “Depois achamos que iria bater e meu namorado achou que era melhor avançar a velocidade”. Ela conta que os dois motoristas jogavam os carros em cima do Polo, onde estava Letícia e Marcus, a todo instante.

Mãe diz pra filha que namorado está no CTI.
Mãe diz pra filha que namorado está no CTI.

Em certo momento, o motorista do Celta emparelhou com o Polo, conforme a estudante. “Meu namorado acelerou porque achou que podia ser um assalto. O C3 veio em alta velocidade e bateu no Polo. Não tinha como a gente se defender, porque o carro foi arrastado”, conta.

“O C3 perdeu o controle, bateu no carro do meu namorado, que rodou e bateu de frente ao poste”, relembra.

Em defesa do namorado, e usando o tempo verbal como se o jovem estivesse vivo, Letícia diz que Marcus, não bebia, não fumava e não tinha inimigos. “Estávamos tomando tereré na Afonso Pena e pegamos a Duque de Caxias porque era mais rápido para ir para casa”, afirma.

Clamando por justiça, ela diz que não entende o porquê das coisas. “Quero justiça pelo o que eles fizeram. Quero entender o motivo. Até agora isso não entra na minha cabeça. E se eu morresse?” questiona.

A mãe de Letícia diz que ao saber do acidente, a filha já estava na Santa Casa e a “ficha” só caiu quando soube da morte de Marcus.

Ainda hoje, uma psicóloga deve ir ao hospital e talvez Letícia receba a notícia da morte do namorado.

“Era um menino tranquilo, alegre e trabalhador. Quero justiça. Eles (condutores dos outros veículos) destruíram a vida deles”. Celina diz que tem certeza que Marcos não estivesse fazendo racha. “Ele não corria, ainda mais quando estava com ela”.

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