Sem saber de greve, povo apela em vão à Uber para chegar a seu destino
A rotina foi mantida, acordou-se cedo e arrumou-se, mas ao se chegar no ponto de ônibus, a surpresa: greve dos coletivos. A solução prática e imediata, no entanto, deixou muita gente na mão: aplicativo que luta pela regularização municipal, a Uber 'deixou na mão' os usuários que queriam apenas chegar ao emprego no horário normal na manhã desta quarta-feira (15), em Campo Grande.
A temida ‘tarifa diferenciada’, que segundo o aplicativo serve para incentivar mais motoristas a virarem prestadores de serviços e aumenta o preço das viagens nos horários de pico, explodiu o preço nos bairros periféricos da capital com a ausência dos coletivos.
Mesmo assim, em uma situação de anormalidade, com os coletivos parados, os campo-grandenses 'sentiram no bolso o golpe' ao tentarem usarem a inovação para contornar o problema, cativados com o preço quase sempre muito menor que o de outros serviços oferecidos, como o táxi e moto-táxi.
“Está impossível embarcar em algum, olha isso aqui”, disse o ajudante-geral Anderson Nogueira Silva, 23 anos, assustado com o informe de que sua corrida da Avenida Manoel da Costa Lima, na Vila Piratininga, até a região da Vila Carlota seria cobrada com um valor 3.2 vezes maior. Ou seja, acostumado a pagar R$ 11, no máximo, ia desembolsar cerca de R$ 30.
“Normalmente não está tão alto assim. O valor diferenciado fica menor, entre 1.2x e 1.4x neste horário”, disse, desanimado, por volta das 6h33. Além disso, o custo da viagem seria inútil: a espera por um carro informada pelo apliucativo era de até sete minutos.
O Campo Grande News avaliou que os preços dobraram em grande parte da capital. No bairro Talismã, o aplicativo já cobrava 2.3 vezes o valor comum de uma corrida às 5h30. No Jardim Aero Rancho, a melhor das alternativas era voltar para casa à espera da volta dos ônibus: por volta das 6h50, o valor de uma viagem era até 3.9 maior.
A faxineira Rosimeire Martins, 48, andou a pé do bairro até a região da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, um trajeto de mais de 5km, indignada com a tarifa diferenciada. “Cheguei no meu limite andando até aqui. Agora vou esperar o ônibus. Já avisei a patroa. É um dia anormal. Não tem o que pobre fazer. Não vai ser desta vez que andarei de Uber”, disse.
A situação do aplicativo em Campo Grande revolta ainda mais se comparada a de outras capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro. Com a eminência da greve, o aplicativo buscou aumentar seu número de corridas com as pessoas afetadas pela greve, oferecendo descontos e dando a possibilidade do usuário agendar com antecedência sua viagem.
A situação da Uber na capital sul-mato-grossense, no entanto, só normalizou por volta das 7h51, quando o horário de entrada de serviço de muita gente já havia estourado. Mesmo assim, em alguns bairros distantes, como o Nova Lima, o usuário ainda tinha de pagar até 1.8 vez mais para embarcar no serviço.
O Campo Grande News não havia conseguido contato com a assessoria de imprensa da Uber até a conclusão desta reportagem, mas responsáveis pela comunicação do aplicativo prometeram se posicionar até o fim da tarde.
OBS: Matéria alterada às 11h54 para correção e acréscimo de informações.