Sem segurança, cemitério tem onda de depredações e túmulo aberto
Funcionários reclamam que vigilância e guardas civis municipais foram retirados do local à noite, facilitando ações de fanáticos religiosos e viciados em drogas que degradaram espaço
Um dos principais cemitérios da cidade, o São Sebastião, popularmente conhecido como Cruzeiro, no bairro Coronel Antonino, região norte de Campo Grande, sofre com o aspecto de abandonado e a depredação.
O Campo Grande News visitou o local na manhã desta sexta-feira (19) e encontrou jazigos completamente danificados, grama alta, sujeira e até um túmulo aberto, onde era possível observar uma ossada humana à mostra, logo no corredor principal do local, dando as boas vindas aos visitantes.
O cruzeiro, espaço que gerou o apelido do cemitério e serve para familiares se despedirem de seus entes e fazerem orações, é tomado por rituais religiosos duvidosos, com bebidas alcoólicas, carne podre e forte, velas coloridas e forte mau cheiro.
Para os funcionários, a degradação começou no início do mês. Segundo eles, desde que o atual prefeito Marquinhos Trad (PSD) assumiu, vigilantes privados e a presença de guardas civis municipais no espaço durante a noite foi encerrada.
“A solução foi fechar mais cedo o cemitério, não dá para ficar à noite. O espaço é muito inseguro e funcionários que tentaram conversar com eles (invasores) foram agredidos”, disse um dos funcionários do local.
O perfil dos invasores é diverso. Vai desde usuários de drogas, que vão ao local justamente pela falta de segurança, a adeptos de rituais religiosos, que espalham lixo e restos de comida, atraindo animais peçonhentos.
“À noite isso é um dos locais mais perigosos de Campo Grande. Isso eu posso afirmar”, disse o dono de um bar na parte dos fundos do cemitério, na Rua Cristóvão Lechuga Luengo, justamente o local por onde mais ocorrem as invasões, com pedaços do muro quebrado.
Reclamações – “A sensação é de que isso aqui está completamente abandonado”, diz uma familiar de uma pessoa enterrada ali, apontando para vidros quebrados das janelas na capela de entrada, trancada, e a pintura extremamente desgastada do almoxarifado.
Indignada e sem querer se identificar, disse que já foi surpreendida com a aproximação de um viciado em drogas que ameaçou lhe roubar a bolsa. “Comecei a gritar e ele se assustou”, disse.
Ela continua a longa volta no local pontuando problemas e fazendo suas críticas, como a falta de iluminação, sinalização adequada para encontro dos jazigos ou até o caminho para se chegar a eles.
Viúva, toda semana visita o túmulo do marido. Mas como ele morreu em 2005, está sepultado em uma parte isolada. Longe dos caminhos e trilhos, só há uma forma de se chegar: passando por cima de outras sepulturas.
“É uma vergonha, me sinto mal. Mas não há o que fazer, tenho que pisar em cima dos outros, para chegar no meu marido”, lamentou.
Na avaliação dela, o local precisa de estrutura mais adequada. “Isso é uma vergonha. Uma cidade como Campo Grande, bonita, oferecer condições dessas a seus mortos. Pura falta de respeito. A situação beira o caótico”, completou.
Questionada, a Prefeitura não respondeu até a conclusão desta reportagem e se posicionaria durante esta tarde.
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