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Capital

Sem solução imediata, Prefeitura gasta R$ 3 milhões com leitos particulares

Valor foi gasto em um período de nove meses; Município culpa demanda vinda do interior

Leandro Abreu e Amanda Bogo | 12/05/2016 10:51
Tereza ficou 80 horas na UPA do Coronel Antonino aguardando transferência (Foto: Direto das Ruas)
Tereza ficou 80 horas na UPA do Coronel Antonino aguardando transferência (Foto: Direto das Ruas)

A falta de leitos nos hospitais de Campo Grande mostra que a situação do atendimento público está caótica e a lista de pacientes que aguardam vaga em uma unidade de saúde é maior do que a capacidade dos hospitais em atender os enfermos. Para o secretário municipal, Ivandro Fonseca, a alta demanda do interior lota unidades e já fez a Prefeitura desembolsar R$ 3 milhões em nove meses para compra de leitos particulares.

“Quem está segurando a saúde de Mato Grosso do Sul é Campo Grande. Os pacientes vem do interior e lotam a Santa Casa. O HR (Hospital Regional) e HU (Hospital Universitário) estão parados. Já solicitei ao Estado uma parceria na compra de leitos particulares, pois estamos absorvendo a demanda do interior também”, diz Fonseca.

Com toda essa situação, os leitos de internação nos hospitais públicos de Campo Grande estão lotados e os pacientes em estado grave ficam internados nas unidades de saúde aguardando uma liberação ou a compra de um leito em hospitais particulares.

Conforme o secretário, desde agosto, quando Bernal reassumiu a prefeitura, cerca de R$ 3 milhões já foram gastos com compra de leitos particulares. “Isso é rotina. Todos os dias tem paciente internado em UPA precisando de leito. E por isso estamos aguardando essa parceria do Estado para que Campo Grande não fique responsável por tudo”, completou ressaltando que diariamente cerca de 30 ônibus vem para Campo Grande em busca de atendimento médico.

A equipe do Campo Grande News recebeu uma denúncia de que quatro idosos em estado grave que estavam internados na UPA do bairro Moreninhas, esperando vaga em leitos de UTI. Um homem, que não quis ser identificado, contou que a avó, que sofre de alzheimer e tem diabetes, foi diagnosticada com infecção generalizada e aguarda na unidade a transferência para uma UTI. "Fomos informados que não tem vaga nos hospitais, mas a situação dela é grave. A família vai entrar com uma ação na defensoria", contou. Segundo o rapaz, os médicos do local informaram que todos os idosos estão na mesma situação de sua avó.

Somente nesta quarta-feira (11) quatro leitos foram comprados pela prefeitura no Hospital do Pênfigo para pacientes que estavam internados nas UPAs. Um dos casos é o de Tereza de Jesus Malta, 66, que ficou cerca de 80 horas na unidade do Coronel Antonino com problemas respiratórios. Além do Pênfigo, outra opção de compra de leitos particulares é o hospital El Kadri.

Outro lado - O secretário municipal comentou ainda que há uma proposta enviada ao governo do Estado para um grande investimento de R$ 26 milhões na abertura de leitos na Santa Casa e no HU, além da estruturação e melhorias nas condições de trabalho. Do lado do governo estadual, o secretário Nelson Tavares se diz contente em saber que a prefeitura demonstrou interesse em retomar as conversas para abertura de leitos.

“Desde o ano passado tentamos conversar com a administração municipal para abertura de leitos, mas após a troca de comando em agosto, as conversas pararam. A gestão da saúde em Campo Grade é plena da prefeitura e por isso precisamos sempre do aval para qualquer ação. Nós já tínhamos enviado uma proposta de abertura de leitos nesses mesmos dois hospitais e agora vamos ouvir a proposta da prefeitura e afinar as coisas”, disse.

Ainda segundo Tavares, a falta de leitos e necessidade de compra de particulares não é um problema recente. “A necessidade de leitos de UTI vem há muito tempo, mas a greve do HR e dificuldade do HU não diminui o número de leitos. Eles continuam funcionando e as pessoas do interior são previamente programadas. Não é esse o problema da falta de leitos. Mas sem dúvida nenhuma o nosso objetivo é ajudar os municípios e não será diferente com Campo Grande. As pessoas não vão deixar de ser atendidas por falta de investimento do Estado”, concluiu.

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