Sujeira e mau cheiro tomam conta da cidade e caos do lixo revolta morador
Suspensa por 11 dias, em decorrência da greve dos trabalhadores, a coleta de lixo foi retomada na última sexta-feira (18). Porém, a “morosidade” do serviço revolta os moradores, que reclamam da sujeira e o mau cheiro recorrente do acumulo do lixo, principalmente nos bairros onde a coleta ainda não foi retomada.
É o caso da região do Santo Amaro, onde o caminhão da Solurb, empresa responsável pelo serviço de coleta de lixo, “não deu nem as caras”, conforme o aposentado Anailton de Sousa Nogueira, 85 anos, morador da Rua Tokio.
Segundo o aposentado, desde o anuncio da suspensão do serviço, procurou manter o lixo estocado dentro de casa de forma segura, inclusive usando duas ou três embalagens para evitar a liberação de qualquer tipo de odor. No entanto, depois de 15 dias ficou praticamente insuportável.
Depois do anuncio de que o serviço seria retomado na última sexta-feira, ele conta que decidiu colocar o lixo na rua, no entanto, “até agora o caminhão não passou e as calçadas de todo o bairro estão cheias de lixo. E a situação está péssima”, comentou.
Na avaliação do autônomo Ademar Barbosa Nogueira, 54 anos, o problema é reflexo da instabilidade política do município, e a “queda de braço” entre empresa e a prefeitura tem prejudicado a população.
“Na verdade a gente fica sem saber o que está acontecendo. Uma hora eles falam que o serviço vai voltar e outra hora fala que vai parar. Ai pedem pra gente colocar o lixo pra fora, mas o caminhão não passa, ai fica assim, as ruas cheias de lixo e por conta do calor sobe o mau cheiro que não dá pra aguentar. Sem contar que os cachorros reviram o lixo e espalha tudo, sem contar os catadores que deixam tudo jogado”, comentou.
A empregada doméstica Gislaine Borges, 33 anos, diz que está na expectativa de que o serviço passe no bairro ainda hoje e alivie um pouco a situação. Conforme o cronograma da Solurb, a coleta para a região do Santo Amaro está prevista para esta terça-feira (22) a partir das 20h.
“ A gente espera que passe o caminhão e leve esse lixo. Tem coisa ai de 15 dias atrás, é muito lixo acumulado. Dentro de casa não tem mais onde deixar e se colocar na rua fica pior porque aqui o bairro já tá parecendo um lixão”, disse.
Mau exemplo – Em meio ao caos ocasionado pela suspensão da coleta de lixo, sobra “puxão de orelha” também para aqueles que se aproveitam da situação e agravam ainda mais o problema.
“E pior que tem gente que de vez contribuir atrapalha. Já tá vendo que a situação está difícil e joga lixo em qualquer lugar”, dispara a dona de casa Maria de Fátima Luz, 39 anos.
Ações como as denunciadas pela dona de casa foram flagradas pelo Campo Grande News em diversas ruas da Capital. O pior, é que lixo também está sendo despejado às margens das rodovias que circundam a cidade. Na saída para Rochedo, por exemplo, próximo ao Detran-MS, a situação é alarmante.
Coleta - Por meio de nota, a empresa CG Solurb, está empenhando todo seu pessoal e equipamentos para que a coleta de lixo seja normalizada o mais rápido possível, mas que a coleta só será normalizada no dia 3 de outubro.
Durante a paralisação, conforme a empresa, foram acumulados cerca de 7,2 mil toneladas de lixo nas ruas. Desde o retorno da coleta, na sexta-feira e sábado, foram coletadas um mil e oitocentos toneladas. O cronograma das frequências previamente estabelecidas pode ser consultado no site www.solurb.eco.br.
Impasse - Ontem, a empresa protocolou no gabinete do prefeito Alcides Bernal (PP) uma nova solicitação para tratar do cronograma de pagamento das faturas em atraso. A CG Solurb alega ter R$ 23 milhões a receber da Prefeitura e, inclusive entrou com uma ação no TJ (Tribunal de Justiça) que aponta inadimplência provocada com a intenção de romper a concessão, assinada no fim de 2012.