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Capital

Surpreendidos com falência, funcionários dizem que salários já estavam atrasados

A defesa do Grupo Bigolin afirmou que a empresa irá recorrer da decisão; trabalhadores aguardam posicionamento do grupo

Liniker Ribeiro | 14/03/2019 14:47
Auto de lacramento pregado na porta de uma das lojas do Grupo Bigolin, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)
Auto de lacramento pregado na porta de uma das lojas do Grupo Bigolin, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami)

Funcionários de lojas do grupo Bigolin, que teve ordem de falência decretada pela Justiça, na manhã desta quinta-feira (14), afirmam que a situação financeira da empresa já era delicada há pelo menos quatro meses, quando até o pagamento dos salários começou a atrasar. Segundo um grupo de pessoas que pediu para que ninguém seja identificado, os valores vinham sendo pagos de forma parcelada.

“Tinha gente que recebia menos da metade do salário no 5º dia útil, cerca de R$ 600, e na outra semana R$ 300, assim por diante”, afirma um trabalhador. “Ontem o pessoal chegou a parar de trabalhar e ficou no depósito esperando uma resposta, só voltaram porque uma das responsáveis garantiu que o dinheiro seria depositado até sexta-feira”, complementa.

Há mais tempo na empresa, uma funcionária afirma que “todos estavam nesta situação desde dezembro”, apesar disso, garante que nunca deixou de receber dentro do mesmo mês, apenas confirmou o parcelamento.

Fachada da loja do Grupo Bigolin, na Capital (Foto: Henrique Kawaminami)
Fachada da loja do Grupo Bigolin, na Capital (Foto: Henrique Kawaminami)

Mesmo nessa situação, os empregados afirmam que foram pegos de surpresa com o fechamento das lojas, nesta quinta-feira. “Foi horrível chegar para trabalhar e ver tudo fechado. Eu ainda consegui receber uma parte, mas ainda ficou um pouco para pegar”, afirma um outro funcionário.

Entre as pessoas surpreendidas, tem quem estava trabalhando há pouco tempo na empresa. “Minha Carteira de Trabalho até está retida, já consegui um outro serviço, mas não consigo pegar o documento. Já falei com o pessoal do Departamento Pessoal, mas não tem jeito, me mandaram aguardar” revelou.

E agora? – Sem saber como será após a falência, os funcionários demonstram preocupação com todos os colegas de trabalho. “A gente fica triste pela quantidade de funcionários que agora estão desempregados”, destaca um trabalhador.

“Ninguém sabe como vai ser, não tivemos retorno, só pegaram nossos contatos e pediram para aguardar. O mais chato é que, desde que começaram os atrasos, nunca nos chamaram para uma reunião para explicar o que estava acontecendo, sendo que fomos pegos de surpresa hoje”, destaca.

Caso - A Justiça decretou nesta quinta-feira (dia 14) a falência do Grupo Bigolin, que atua há mais de três décadas em Mato Grosso do Sul. A decisão do juiz da Vara de Falências e Recuperações Judiciais, José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, é o desfecho de um pedido de recuperação judicia que nasceu em 11 de fevereiro de 2016.

Naquela ocasião, a empresa informou que tinha dívidas de R$ 54 milhões. A justificativa foi o aumento da concorrência, que resultou na redução dos preços, investimento pesado em merchandising e redução de projetos de moradia, como o programa Minha Casa, Minha Vida. Ao Campo Grande News, a defesa do Grupo Bigolin afirmou que a empresa irá recorrer decisão.

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