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Capital

Tensão no inverno: 68 pacientes à espera de vagas em UTIs na Capital

João Humberto | 23/06/2016 18:45
Na Santa Casa há superlotação e conseguir vaga em UTI é praticamente um milagre (Guilherme Henri)
Na Santa Casa há superlotação e conseguir vaga em UTI é praticamente um milagre (Guilherme Henri)

O inverno começou na terça-feira (21) e em Campo Grande o clima de tensão aumenta a cada dia para os pacientes que estão internados nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs (Centros de Referência de Saúde) à espera de vagas nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) hospitalares. Segundo a assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), 68 pessoas aguardam vaga hospitalar, entre elas seis crianças e oito pacientes com IOT (Intubação Orotraquial).

Ainda de acordo com a Sesau, nem todos os 68 pacientes estão em situação crítica. Parte deles, necessita de tratamento mais prolongado e por determinação do Ministério da Saúde, não devem permanecer internados nas UPAs e CRSs por período superir a 24 horas.

Nessa época do ano, aumentam as infecções respiratórias e a circulação do vírus H1N1, causador da gripe A. Santa Casa está superlotada em praticamente todos os setores, situação agravada pela chegada constante de pacientes do interior, vítimas de acidentes e pacientes da atenção básica de saúde.

A Sesau não encaminhou comparativo de casos do mesmo período registrados ano passado. Só esclareceu que em 2015 os óbitos começaram a ser contabilizados a partir de junho e neste ano em maio. A Central de Regulação de Urgência é que detém os números e levantamento preciso só nesta sexta-feira (24), segundo a assessoria de imprensa da secretaria.

Casos – Na terça-feira o Campo Grande News constatou superlotação na Santa Casa de Campo Grande. Um bebê de dois meses com suspeita de H1N1 aguardava vaga no CTI (Centro de Terapia Intensiva), respirando por aparelhos em isolamento improvisado na área vermelha.

A assessoria de imprensa da Santa Casa informou hoje à tarde que a área vermelha infantil está com 160% de lotação e a adulta com 200%. Neste ano, os casos suspeitos e confirmados de gripe chegaram mais cedo ao hospital, já em abril.

Elizabeti estava na UPA das Moreninhas e sua filha Michele fez apelo, fazendo com que ela fosse transferida para o Hospital Regional (Foto: Arquivo Pessoal)
Elizabeti estava na UPA das Moreninhas e sua filha Michele fez apelo, fazendo com que ela fosse transferida para o Hospital Regional (Foto: Arquivo Pessoal)

O MPE (Ministério Público Estadual) instaurou inquérito para apurar falta de leitos de infectologia em Campo Grande e adotar medidas para resolver o impasse. O edital de instauração da investigação foi publicado no Diário do Ministério Público de terça-feira.

Ontem (23), a família de uma mulher de 60 anos que está em estado grave na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) das Moreninhas fez apelo por vagas em UTI. “Precisamos desta vaga urgente, já ligamos para todos os hospitais e não tem. O estado dela é muito grave, foi induzida ao coma, está com pneumonia e infecção generalizada”, desabafou a filha, Michele Cristina de Matos Andrade, 29 anos.

Sua mãe Elizabeti de Mattos Andrade, deu entrada na UPA do Coronel Antonino e foi transferida para a unidade das Moreninhas porque precisava de respirador. No Coronel Antonino, Cristina recebeu a informação de que a mãe podia estar contaminada pela gripe H1N1 e na UPA das Moreninhas disseram a ela que havia pouca possibilidade de ser isso. Ela foi transferida para o Hospital Regional Rosa Pedrossian.

Nesta manhã completou dois dias que Mariana Felícia de Souza, 80 anos, está na UPA do bairro Vila Almeida. Com quadro avançado, a idosa respira por aparelhos e foi conduzida ao coma.

Tatiane tenta conseguir uma vaga em UTI para a avó Mariana, de 80 anos, que está na UPA da Vila Almeida (Foto: Arquivo Pessoal)
Tatiane tenta conseguir uma vaga em UTI para a avó Mariana, de 80 anos, que está na UPA da Vila Almeida (Foto: Arquivo Pessoal)

Neta de Mariana, a operadora de caixa Tatiane Cândia de Souza Silva, 27 anos, explicou que além da falta de vagas, também há falta de medicação no posto de saúde. Por esse motivo a família precisou comprar azitromicina para a idosa.

Desabafos – Matéria com o caso de Mariana postada na página do Campo Grande News no facebook rendeu comentários, muitos em tom de desabafo. A internauta Giselle Dutra disse que seu avô estava na mesma situação e que a família já correu atrás de vaga, mas não conseguiu.

Fabricia Braga Sampaio reclamou que a espera por vagas “é normal”. Ela relatou que o pai ficou três dias aguardando vaga e aconselhou as pessoas que enfrentam o problema a procurar a Defensoria Pública.

A tia de Wania Rosa Pereira ficou intubada três dias na UPA do bairro Universitário aguardando vaga, enquanto Marcia Hahn sentiu na pele a falta de vaga em UTI quando seu pai foi internado. “Alegam não ter vaga, mas é pura mentira. Tem um monte de leito vazio, pura preguiça de trabalhar”, desabafou Marcia.

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