Um mês após morte, polícia pede mais prazo e amigo suspeita de agiotagem
Após um mês da morte do ex-vereador Alceu Bueno, a Polícia Civil pediu mais 30 dias de prazo para concluir o inquérito e mantém as investigações sob sigilo. O vereador Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), suspeita de que o amigo tenha sido vítima de um acerto de contas com agiotas.
Alceu foi capturado e morto na noite do dia 20 de setembro, possivelmente logo após sair da empresa dele, o Depósito Bueno, na avenida Coronel Antonino. Mas, o cadáver carbonizado só foi encontrado na manhã do dia seguinte, na região do Parque dos Poderes.
De acordo com o delegado que está a cargo das investigações, Edilson Santos, do Garras (Delegacia Especializada a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), foram ouvidas aproximadamente 20 pessoas, sendo duas delas nesta quinta-feira (20).
“As investigações estão bem avançadas, porém o caso é um ‘quebra cabeça’ de alta complexidade. Aguardamos os resultados de alguns laudos e já temos nossas conclusões, no entanto, não revelaremos mais detalhes para que as investigações não sejam prejudicadas”, afirma o delegado ao ser questionado sobre se já foi encontrado algum indicio que o assassinato esteja ligado com o caso de exploração sexual, que Alceu esteve envolvido.
Segundo Edilson, são várias as linhas de investigação e a grande tarefa é saber com quem ele estava ou esteve na noite em que foi morto.
Agiotagem – Amigo de Alceu e de sua família, Carlão (PSB) disse em entrevista ao Campo Grande News, revelou que o ex-vereador pegava emprestado e também emprestava dinheiro. Esse, para ele, seria o principal motivo que pode ter levado alguém a matar ou mandar executar o amigo.
“A polícia investiga se o crime está ligado ao escândalo sexual que ele esteve envolvido, porém o caminho é outro. Alceu também estava envolvido com negociações de terrenos sem documentação”, revela o vereador.
Ainda segundo ele, o fato de o caso ter caído no esquecimento da população também causa estranheza considerando a forma brutal com que foi cometida. “Éramos bem próximos, pois meu eleitorado é da mesma região que era o dele, o Nova Lima. Fui um dos que mais senti sua morte”, desabafa.
Carbonizado - A princípio, Bueno passou o dia 20 na empresa dele. Conforme a família disse a polícia, o empresário deixou o depósito por volta das 21h30 e este também foi o horário do último contato que familiares tiveram com ele, por telefone.
O empresário dirigia seu veículo, um Land Rover, que não foi encontrado a princípio.
Ele foi morto por estrangulamento e a polícia acredita que o local onde o corpo foi encontrado foi utilizado só para a desova.
Vídeo – uma das primeiras provas analisadas pela Polícia Civil foi um vídeo que mostra o momento em que duas pessoas ateiam fogo no corpo do ex-vereador. As imagens são do circuito de câmeras de um condomínio ao lado do terreno baldio onde o corpo de ex-vereador foi abandonado.
Veículo – o veículo de Alceu foi encontrado no dia 23 de setembro, em Ponta Porã – a 323 km de Campo Grande. O Land Rover Freelander 2 estava completamente queimado, o que dificultou a identificação de imediato.
Inquérito para apurar homicídio doloso e ocultação de cadáver continua aberto. Ninguém foi preso ainda.
Exploração sexual - Alceu Bueno foi condenado em dezembro do ano passado, a oito anos e dois meses de prisão, em regime fechado, pelos crimes de exploração sexual de vulnerável, mas cumpria o processo em liberdade, enquanto aguarda o recurso da sua defesa.
Ele foi filmado por pelas duas meninas, de 15 anos, durante programa sexual. O vídeo foi usado, depois, para extorqui-lo.
O esquema se tornou público no dia 16 de abril de 2015, quando uma equipe da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) prendeu o ex-vereador Robson Martins e o empresário, Luciano Pageu, pelo crime de extorsão, por conta de denúncia feita por Bueno.