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Capital

Vítima de ‘Nando’ deixa seis filhos sem comida e à mercê da própria sorte

Guilherme Henri | 30/11/2016 11:00
Menino de 15 anos em "dia de beleza" proporcionado por moradora (Foto: Marcos Ermínio)
Menino de 15 anos em "dia de beleza" proporcionado por moradora (Foto: Marcos Ermínio)

Vítima de “Nando”, Maria Aparecida, 37 anos, deixou seis filhos. Eles estão espalhados pelo bairro Danúbio Azul, em Campo Grande, e hoje vivem aos cuidados de moradores para que não fiquem ao relento. O problema é que nem todos têm condições de arcar com as despesas de “mais uma boca” ou até duas em casa, e o simples, como arroz e feijão, se tornou "um luxo".

O drama é contato pela fisioterapeuta Kátia Dayne Santos, 34 anos, que mobilizou todo o bairro em busca de doações para os filhos de Maria Aparecida, que tem idade entre 1 e 22 anos. “Ela estava desaparecida há três meses, mas nunca cuidou de fatos dos filhos. Alguns tiveram que ir para casa de vizinhos enquanto moravam com a mãe, pois não conseguiam dormir a noite devido ao grande número de pessoas que frequentava a casa”, diz.

Segundo Kátia, dois dos filhos, uma menina de 13 e um menino de 15 anos, estão com um idoso de 66 anos e são os que mais precisam de ajuda. “Eles o chamam de ‘avô’, pois são tratados com muito amor. Só que, a renda do homem é uma aposentadoria de um salário mínimo, que acaba não sendo suficiente para os três. Doei e também consegui um pouco de comida e um colchão. Não consigo descrever o que foi entregar isso a eles, pois me emociono. A comemoração foi a de como se eles tivessem ganhado um carro”, detalha.

Kátia Dayne Santos, 34 anos mobilizou todo o bairro em busca de doações (Foto: Marcos Ermínio)
Kátia Dayne Santos, 34 anos mobilizou todo o bairro em busca de doações (Foto: Marcos Ermínio)

E os problemas não são só a falta de comida. Segundo a fisioterapeuta, por conta da falta de documentação os dois estudaram apenas até o meio do ano e agora só retornarão as aulas em 2017. “Eu, a irmã mais velha de 22 anos e vários moradores estão envolvidos em regulamentar a situação de todos, mas me causa estranheza nenhuma autoridade, como o Conselho Tutelar, por exemplo, ter vindo ao bairro para se atualizarem sobre a situação das crianças”, afirma a moradora chamando a atenção para o casula, de apenas um ano.

Sobre o caso de “Nando”, a fisioterapeuta revela que ficou chocada, pois o considerava calmo e se mostrava sempre muito prestativo. “Era ‘vizinha de muro’ e quando soube que ele era o ‘cabeça’ deste grupo de extermínio que fez 12 vítimas do bairro quase não acreditei. Ele sempre estava disposto a ajudar todo mundo e até cortava grama dos moradores do bairro”, revela.

Felicidade - Além, de mobilizar todos os moradores em busca de doações, Kátia também proporcionou um “dia de beleza” na manhã de hoje (30) em seu salão, localizado em cima de sua academia, ao casal de irmãos, que estão aos cuidados do idoso.

Ao Campo Grande News, um dos filhos de Maria Aparecida, o menino de 15 anos disse que “apesar de tudo ele é feliz”. “Gostava muito de ir à escola, espero poder voltar logo. Mas, durante o dia eu brinco com minha irmã e ajudo meu avô em casa”, relata.

Idoso de 66 anos que cuida do casal de filhos de Ana Cláudia (Foto: Marcos Ermínio)
Idoso de 66 anos que cuida do casal de filhos de Ana Cláudia (Foto: Marcos Ermínio)

Questionado sobre sua mãe, o menino disse que tinha contato com a mãe e que a alertou mais de uma vez sobre o “perigo que corria”. “Eu falava ‘mãe para com isso e sai dessa vida’”, cometa o rapaz sobre a sua mãe usar drogas.

Necessidade – O idoso de 66 anos, que pediu para ter a identidade preservada, afirma que faz o possível para que não falte nada e garante que é “rígido” com a educação que procura passar a eles para que não cometam os mesmos erros da mãe. “Agora temos tudo, mas não sei o dia de amanhã. Sempre precisamos de algo”, conta o idoso.

Sobre a mãe, ele revela que em casa ninguém toca no assunto e que os meninos “não dão trabalho”. “Eles são bem calmos e me ajudam muito”, relata.

Serviço – Interessados em ajudar os filhos de Maria Aparecida, podem encaminhar doações na academia Kaddas Fitness, localizada na rua Manduba, numeral 349, no bairro Taquaral Bosque, região do Danúbio Azul. Ou, entrar em contato pelo telefone: (67) 99230-0660 para falar com Kátia.

*O nome Maria Aparecida é fictício e foi usado para preservar a identidade de seus filhos.

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