Contraespionagem do governo brasileiro investigou entidade em MS
Um ano depois da morte de Sun Myung Moon, o Revendo Moon, é revelada uma operação de contraespionagem do governo brasileiro em Mato Grosso do Sul para investigar as atividades da Associação de Unificação e Paz Mundial.
A entidade tem terras em Jardim e Porto Murtinho e, segundo reportagem da edição deste domingo da Folha de São Paulo, havia suspeita de ameaça à soberania nacional.
O jornal informa que teve acesso à documentação sigilosa da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), que mostram a movimentação de agentes infiltrados para apurar a regularidade das ações de Moon aqui no Estado.
As investigações começaram em 2003, após denuncia de suspeita de lavagem de dinheiro e do reverendo comprar grandes extensões de terras.
O alvo principal eram as operações de Moon na região de fronteira com o Paraguai. Em Porto Murtinho, por exemplo, há fazendas dos dois lados da fronteira Brasil/Paraguai.
A justificativa de criar uma "zona de paz" mundial não convenceu o governo brasileiro, principalmente por envolver áreas no Pantanal.
Operação chamada"Rio da Prata" infiltrou agentes da Abin que não indicaram risco à soberania, mas acabaram verificando irregularidades imigratórias, trabalhistas, fiscais e ecológicas, informa a Folha.
Procurado pelo jornal, o atual presidente da entidade, Neudir Simão Ferabolli, disse tratar-se de uma "brincadeira" o fato de o governo ter visto a entidade como ameaça nacional.
Poder - Boa parte do patrimônio de Moon foi construída em Mato Grosso do Sul, principalmente no município de Jardim, onde chegou em 1996 para instalar sua Igreja.
Em pouco tempo, a Igreja de Moon adquiriu grandes propriedades rurais no Estado, inclusive na região do Pantanal, residências e até criou um clube de futebol, o Cene (Clube Esportivo Nova Esperança), inicialmente em Jardim, e depois migrado para Campo Grande.
A Igreja também criou o Instituto Nova Esperança, mantido na fazenda New Hope, e que anunciou a construção de hospital spa, em Guia Lopes da Laguna, com recursos previstos de R$ 58 milhões.
Em outros estados e países a Igreja também instalou filiais e adquiriu propriedades e empresas que formam o império da Igreja.
Mas junto com o império, a Igreja adquiriu dívidas milionárias, sendo em Mato Grosso do Sul a maior parte por conta de infrações ambientais e pendências trabalhistas, como dívidas com advogados.
A Igreja da Unificação foi fundada por Moon na Coréia do Sul, em 1954, com a filosofia de que ele, o líder, seria o segundo o responsável por completar a salvação dos homens.