Defesa avalia apresentar recurso para liberar Puccinelli só na 2ª-feira
Advogados pretende contestar ponto por ponto de decisão da 3ª Vara Federal que prendeu ex-governador, filho e advogado; com isso, eles passariam o fim de semana presos
Os defensores do ex-governador André Puccinelli e dos advogados André Puccinelli Júnior e João Paulo Calves pretendem contestar “ponto por ponto” a decisão da 3ª Vara de Justiça Federal de Campo Grande que decretou a prisão dos três em ação da Operação Lama Asfáltica e, com isso, a apresentação de recursos visando as liberações apenas na segunda-feira (23) não está descartada. Caso isso aconteça, os denunciados passarão o fim de semana no Centro de Triagem da Capital.
Os advogados Renê Siufi, que defende o ex-governador e Puccinelli Junior, e André Luís Borges Netto, que representa Calves, trabalham juntos no estudo da decisão do juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira, de 132 páginas. “A decisão é muito longa e pretendemos contestar ponto por ponto”, confirmou Siufi, já admitindo a possibilidade de deixar a apresentação da contestação na segunda-feira.
Mais otimista, Borges Netto acredita em um trabalho mais célere. “Não terminamos de ler toda a documentação e entender a decisão pela prisão porque ela é muito extensa, complexa e envolve muitos fatos”, disse, ao apontar algumas das possibilidades de trabalho cogitadas para este momento: pedidos de habeas corpus no TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) ou de reconsideração da decisão perante o próprio juiz federal, diante do apontamento de equívocos, conforme o advogado, na decisão de 18 de junho que pediu a prisão dos seus clientes.
Borges Netto acredita ser possível apresentar um recurso ainda durante o plantão do TRF-3, visando a uma liminar que permita a soltura dos três detidos. “Estamos finalizando o estudo para ver qual a melhor medida. Diante de alguns equívocos na decisão o juiz pode optar pela reconsideração”, disse, sem detalhar que pontos poderão ser contestados na Justiça Federal.
Prisões – As prisões na manhã desta sexta-feira ocorreram após a Justiça receber novas provas e alegações do MPF (Ministério Público Federal) no âmbito da Papiros de Lama, a quinta fase da Lama Asfáltica.
Entre as argumentações estavam as movimentações bancárias do Instituto Ícone de Direito, que pertence a Puccinelli Junior e teve Calves como sócio, ao lado de Jodascil Gonçalves Lopes (outro preso na primeira fase da Papiros de Lama). Para os investigadores, os valores evidenciam depósitos que teriam partido da JBS a título de propina.
Os três presos estão no Centro de Triagem Anísio de Lima, que integra o Complexo Penitenciário do Jardim Noroeste. Eles haviam sido detidos em 14 de novembro de 2017 quando a Papiros de Lama foi deflagrada pela primeira vez.
Delator da Lama Asfáltica, o pecuarista Ivanildo Miranda havia dito que servia de canal para a destinação de recursos de frigoríficos como JBS, Bertin, Independência e Marfrig para o ex-governador. Os recursos seriam usados para o pagamento de dívidas de campanhas ou repassados a empresa e entidades.