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Cidades

Desde junho, bandidos mataram seis pessoas para roubar, só na Capital

Aline dos Santos | 03/09/2012 11:29
Luzia, Breno, Leonardo e Alberto (em sentido horário): vidas perdidas em crime que chocam pela brutalidade.
Luzia, Breno, Leonardo e Alberto (em sentido horário): vidas perdidas em crime que chocam pela brutalidade.

Crimes que terminam em vidas perdida arrancam a voz da garganta e despertam uma inquietação: existe uma medida para a maldade? De junho para cá, essa pergunta incômoda se repetiu em quatro ocasiões, em que famílias choraram a morte de seis pessoas.

Na última sexta-feira, os campo-grandenses acompanharam, em choque, o desenrolar de um caso que expôs a dimensão da insegurança pública na cidade, reuniu duas mil pessoas em passeata na avenida Afonso Pena e um clamor nas redes sociais: “Eu não vou ser o próximo”.

De manhã, a procura e famílias apreensivas em busca dos universitários Breno Luigi Silvestrini de Araújo, de 18 anos, e Leonardo Batista Fernandes, de 19 anos. No início da tarde, a tragédia. Os dois foram espancados e mortos com tiros na cabeça por ladrões.

O alvo era a Pajero em que os jovens estavam. O veículo foi encontrado em Corumbá, já os corpos, na região de Indubrasil. E por que foram brutalmente assassinados? A explicação veio no dia seguinte. Os jovens viram os rostos dos bandidos, fato suficiente para selar a sentença de morte.

Em julho, um roubo com desfecho igualmente trágico. Na ocasião, as vítimas foram o empresário Alberto Raghiante Júnior, de 55 anos, e a estudante Luzia Barbosa Damasceno Costa, de 25 anos. Os corpos foram encontrados, lado a lado e de bruços, na região das Três Barras. Cada um com um tiro na nuca. Ela, abraçada à bolsa.

“Não era para matar. Mas estava com cachaça e droga na cabeça”, justificou Neidinaldo Nascimento da Silva, de 20 anos, que confessou ter matado o casal. Segundo a investigação policial, o objetivo inicial era cumprir a missão dada por um detento do presídio Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima, que ordenou o roubo de um veículo. O Azera do empresário foi encontrado no Paraguai. As vítimas foram rendidas nas proximidades do terminal Morenão.

Juliana foi morta na primeira noite em que dormiu sozinha na casa nova. (Foto: Minamar Júnior)
Juliana foi morta na primeira noite em que dormiu sozinha na casa nova. (Foto: Minamar Júnior)

A televisão ou a vida - No dia 8 de junho, uma brutal morte a facadas pôs fim à vida da professora Juliana Corraleiro da Silva, de 42 anos. Ela e o marido haviam se mudado recentemente de Bandeirantes para a rua dos Arquipélagos, bairro Coophavila II, em Campo Grande.

Juliana foi morta na primeira noite em que dormiu sozinha no novo endereço. Preso dias depois, Júlio César de Almeida, de35 anos, contou que entrou na casa para furtar objetos e eletrodomésticos para trocá-los na boca-de-fumo. Ele levou aparelhos de DVD, som, celular e um videogame. A pedido do receptador, voltou para buscar uma televisão. A professora acordou, gritou e foi morta com oito facadas.

Uma televisão de 29 polegadas foi o preço da vida do Odilon de Souza Vaz, de 76 anos. Morador do Parque dos Girassóis, o idoso teve a casa invadida no dia 24 de julho. Odilon foi esfaqueado várias vezes na nuca e no pescoço. Uma das vértebras chegou a ser romper. Preso, Mario Márcio Martins dos Santos confessou o crime. A suspeita é que ele seja usuário de droga.

Matar e morrer - Durante a passeata em protesto contra a violência que reuniu duas mil pessoas ontem na avenida Afonso Pena, Paulo Roberto Fernandes, pai de Leonardo, defendeu a pena de morte.

Promotor no Tribunal do Júri, onde são julgados os crimes de homicídio doloso e tentativa de homicídio, Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos lembra que a Constituição Federal veda a pena de morte no Brasil. A pena por homicídio vai de 12 a 30 anos. A punição é dosada conforme a gravidade do crime, que em termos jurídicos é definido como qualificadora.

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