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Cidades

Douradense perdeu 7 amigos no incêndio em boate gaúcha

Gabriel Neris e Nadyenka Castro | 29/01/2013 19:46
Binho Nascimento estava na boate que pegou fogo no domingo (Foto: Reprodução/Facebook)
Binho Nascimento estava na boate que pegou fogo no domingo (Foto: Reprodução/Facebook)

Escapar ileso da boate que matou 234 pessoas na madrugada do último domingo (27), em Santa Maria (RS). Se deparar com os aparelhos celulares chamando constantemente ao lado de centenas de corpos. Perder sete amigos no incêndio que tomou conta do prédio. Estes são alguns dos relatos vividos pelo douradense Binho Nascimento, de 32 anos.

Nascimento saiu de Dourados em 2007, aos 27 anos. Criou a própria companhia de dança e passou no ano passado no vestibular.

O coreógrafo e estudante do curso de Educação Física na UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) conta que estava na área vip da boate Kiss com os amigos, onde costumava frequentar. O local era próximo à porta de saída da boate.

“Quando vi aquele tumulto, a maioria achou que era briga mesmo. Até porque o fogo era pequeno. Assim que a gente viu o tumulto saindo, saímos logo em seguida, e conseguimos passar numa boa. Mas depois que toda a boate começou a querer sair, as pessoas começaram a cair no chão e serem pisoteadas”, conta.

O estudante conta que a partir deste momento houve histeria. “Tinha gente que confundiu a porta do banheiro com a saída, e também umas (pessoas) que queriam se esconder achando que seria passageiro”, relata. “O incrível foi que essas pessoas todas morreram. De 70 a 100 pessoas mortas empilhadas perto da porta do banheiro e no banheiro”.

“Um amigo meu entrava se jogando para dentro da boate engatinhando. A fumaça era tão forte e quente que próximo ao chão não era tanto. Ele só passava a mão e encontrava uma perna ou algum corpo e puxava, e outras pessoas que estavam na parte de fora, só puxavam para fora”, completa.

O que era para ser apenas mais um show da banda Gurizada Fandangueira e a diversão de centenas de jovens se tornou em um cenário trágico que não sai da memória do rapaz. “Era horrível ver as meninas sendo pisoteadas ou esmagadas, sem ter reação nenhuma”.

“No momento que todo mundo começou a sair e que o fogo começou a se espalhar muito rapidamente, era questão de menos de 10 minutos e o fogo já está consumindo tudo. Os bombeiros já estavam ali levando os mais graves”, conta.

Nascimento diz que o tumulto fez com que os mortos fossem deixados de lado e a prioridade foi socorrer quem ainda tinha chance de sobreviver. “Não passava nada pela cabeça a não ser desespero. Impotência de não poder fazer muita coisa. Os celulares das pessoas mortas tocavam ao lado dos corpos, ou até mesmo dentro da boate. Era muita gente ligando. Todos que puderam ajudar entravam lá sem medir esforços, teve gente que saiu viva e voltou para ajudar as pessoas e morreu lá dentro”, diz.

O estudante conta que costumava reservar um camarote próximo ao palco, onde o fogo começou, mas naquele dia não conseguiu fazer a reserva. “Se eu tivesse pegado morreríamos com certeza, eu e todos os meus amigos. Além de ser longe da saída, era fechado”, conclui.

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