Envelhecido, Rondon se despediu da família por telefone
Por volta da meia noite, o médico cassado Alberto Rondon, conhecido por mutilar dezenas de mulheres em Mato Grosso do Sul, chegou a sede da Polícia Federal em Campo Grande, já bem diferente de 99, ano em que foi denunciado pelos crimes.
Grisalho, de calça jeans "surrada", botas e segurando uma sacola com medicamentos, Rondon entrou quieto. A chegada foi acompanhada pela jornalista Aline Canassa, autora de um livro sobre o caso.
"O rosto em minha memória era de um Rondon bem apessoado, na casa dos quarentas anos e no auge de sua carreira como médico. As fotos da lembrança eram as que estampavam os jornais diariamente, trazendo diversas vezes o mesmo título: O mutilador de seios", comenta a jornalista depois de ver Rondon.
Envelhecido, ao chegar os policiais perguntaram se ele mesmo aplicaria as injeções de insulina, por conta do diabetes. Rondon foi monossilábico e respondeu que "sim".
"Tive um enorme conflito de sentimentos ao me deparar com Alberto Jorge Rondon de Oliveira pela primeira vez na vida. Senti satisfação pela justiça estar sendo feita apesar da demora, e ao mesmo tempo pena, por ver um homem naquela situação, algemado e visivelmente desconfortável", conta Aline.
Preso em Bonito, em bairro nobre, por volta das 19 horas, ele não teve tempo de conversar coma família e se despediu por telefone. Em nota, a PF relata. "O médico vivia normalmente na cidade, sem ser incomodado, quando fora surpreendido pela ação dos policiais".
Rondon foi descoberto porque tem uma clínica, investigada por crimes contra a Previdência. A Polícia Federal não detalhou se a clínica funcionava na Capital ou em Bonito.
Condenado por Lesão Corporal Grave, por mais de sete vezes, o mandado de prisão era de 28 de janeiro de 2004, mas até então Alberto Rondon não havia se apresentado à Justiça.
Dois dias após completar 53 anos, "Doutor" Rondon