Espólio fraudado por bando de Carvalho é alvo de disputa
O mais novo esquema criminoso atribuído ao ex-oficial da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Sérgio Roberto de Carvalho envolve fraudes a um espólio milionário que é disputado por supostos herdeiros e credores tanto no Brasil quanto em Portugal. A dinheirama, estimada em R$ 100 milhões, foi deixada por Olympio José Alves, que morreu em 2005, aos 87 anos, no Hospital Beneficência Portuguesa, de pneumonia.
Olympio não fez testamento. Com isso, a fortuna virou alvo de supostos credores e é disputada por parentes em Portugal e por mulheres que dizem ter sido suas companheiras.
Em junho deste ano, reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, informava que, para colocar a mão no dinheiro, falsários chegaram até a se passar por Olympio em audiências.
Entre as dívidas deixadas por Olympio há uma na Justiça no montante de R$ 1,6 bilhão, valor que a empresa KLB Comércio de Combustíveis cobra de Olympio pela venda de uma usina de álcool, na estrada que liga Cuiabá a Juscimeira, justamente a cidade onde o grupo do major Carvalho atuava, segundo as informações da Polícia Federal, que prendeu nesta madrugada 20 pessoas envolvidas em crimes relacionados à herança de Olympio.
O contrato apresentado para a venda da usina foi assinado por um procurador dele. A usina, que o "O Português" teria adquirido por mais de R$ 1 bilhão estava praticamente sucateada quando a equipe de reportagem esteve no local.
A Justiça do Trabalho informou que a empresa foi penhorada por causa das dívidas com credores e funcionários e foi avaliada em R$ 2,7 milhões. Durante a venda judicial, foi arrematada por R$ 2,2 milhões.
Os responsáveis pela empresa KLB não foram localizados nos endereços que aparecem nos documentos da companhia.
Audiência depois de morto - Em 2010, houve um novo ataque ao patrimônio do milionário. Olympio teria comparecido à audiência na 3ª Vara Cível de Várzea Grande, Mato Grosso, no início do ano.
Na audiência, o falso Olympio reconheceu uma dívida de R$ 8 milhões com a empresa Rio Pardo Agroflorestal. Após o acordo, foi determinada a transferência de o dinheiro para a conta dos donos da empresa. Novamente, nenhum responsável pela empresa foi localizado, segundo a reportagem do Fantástico.
A reportagem da Globo procurou a empresa Rio Pardo e a terra que teria sido vendida pela empresa para Olympio. Mas não encontrou nem a empresa nem a terra vendida. Havia apenas um assentamento de pequenos agricultores em uma área arrecada pelo Incra (Instituto Nacional da Reforma Agrária).
A Polícia Federal em Campo Grande ainda não detalhou as fraudes cometidas pelo bando chefiado pelo ex-major e se essa fraude também é atribuída ao grupo.