“A gente não tem ideia do porque ele foi morto” diz filho de jornalista
O primogênito de Paulo Rocaro, morto com nove tiros, diz que a família não sabe de nada que pudesse indicar que o pai corria risco de morrer
Filho mais velho do jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, 51 anos, morto na madrugada da última segunda-feira, em Ponta Porã, Maycon Rodrigues, 29 anos, diz que a família está muito abalada e que não suspeita do que pode ter motivado o assassinato.
“A gente não tem ideia do porque ele foi morto. Ele não era envolvido com política. Não fazia mais matéria policial”, fala Maycon, que declara ainda que Paulo Rocaro, como o jornalista era conhecido, “poupava a família”, quando o assunto era trabalho.
“Ele nunca comentava nada. No máximo, notícia que ia sair no dia seguinte”, diz Maycon. Segundo ele, o pai nunca falou à família sobre ameaças de morte nem nada que pudesse levantar suspeitas de que ele estaria correndo risco de morrer.
Conforme Maycon, Paulo era “uma pessoa muito querida” e por isso faz um desabafo sobre a violência na fronteira com o Paraguai. “Antes só morria quem era bandido, hoje em dia, ninguém respeita mais ninguém”.
O filho do jornalista diz que a família confia no trabalho da Polícia Civil e espera resultados em breve e que ainda não sabe se irá permanecer em Ponta Porã. “Por enquanto a gente não sabe de nada. Não paramos para pensar”.
Maycon conta que a mãe, Nilda Cardoso, 49 anos, não dorme há dois dias e a preocupação é com ela, que ouviu os tiros que acertaram o marido e conversou com ele logo após o atentado. “Ela ouviu os tiros. Ligou para ele, mas ele não atendeu. Ele ligou e falou que tinham acertado ele”.
O crime - O jornalista e a esposa voltavam da casa do ex-prefeito de Ponta Porã, Vagner Piantoni (PT), de quem ele era amigo. Rocaro no Fiat Idea e a mulher em outro veículo, à frente.
Quando ele estava em frente ao hotel Frontier foi alvejado por nove disparos de pistola calibre 9mm, disparados por dois homens em uma motocicleta sem placas e com capacetes.
Os vidros do veículo conduzido por Paulo Rocaro estavam abertos. Somente dois disparos atingiram o carro que pertencia ao jornal Diário da Praça, onde Roçar era editor-chefe.
Rocaro conversou com a mulher pelo telefone, ela o viu ferido e em seguida todos foram para o hospital. “Eu fui para lá. Ele estava consciente. Só gemia”, relembra Maycon. O jornalista morreu no hospital por volta das 4h30min de segunda-feira.
Investigação - A Polícia já ouviu, informalmente, de familiares e amigos que Paulo Rocaro não falava em ameaças e não tinha relacionamento extraconjugal.
Foram requisitadas imagens de três câmeras, que ficam no percurso feito pelo jornalista. As imagens serão analisadas na tentativa de ver imagens da dupla. O assassinato tem características de pistolagem.