Acusado de contrabando ficou 76 dias preso por presentear assessora de juiz
Edmarcio foi acusado de tentar corromper servidora do Fórum quando era processado por violência doméstica
Edmarcio Lima Bento e Sousa, 44, o “Tangido”, preso hoje (22) na Operação “Corte na Tangente”, deflagrada pela Polícia Federal contra esquema de contrabando e descaminho, passou 76 dias na cadeia em 2021, acusado de corrupção ativa por tentar presentar uma servidora da Justiça com chocolate, xampu, condicionador e perfume.
No dia 30 de novembro do ano passado, após o período na cadeia e de 130 dias usando tornozeleira eletrônica, Edmarcio foi absolvido da acusação de tentar comprar a simpatia da servidora, na época assessora do juiz de Nova Alvorada do Sul, cidade a 116 km de Campo Grande.
Réu por ameaça, porte ilegal de arma e violação de medida protetiva, Edmarcio foi preso no início do ano passado acusado de se aproximar da ex-mulher, mas logo foi colocado em liberdade.
Tempo depois, ele foi até a casa da assessora Jurídica do Fórum da cidade levando os presentes avaliados em R$ 1.060. A servidora recusou receber a sacola, mas Edmarcio teria insistido e colocado os produtos dentro do imóvel.
A servidora do Judiciário denunciou o caso à polícia e Edmarcio foi preso. O Ministério Público o acusou de corrupção ativa por oferecer presente à assessora do juiz na expectativa de ser beneficiado nas ações penais que respondia na comarca.
Edimarcio Sousa teve a prisão preventiva decretada e passou dois meses e meio na cadeia. A defesa conseguiu liberdade provisória, mas ele teve de usar tornozeleira eletrônica como medida cautelar.
O crime consta no artigo 333 do Código Penal (oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício) e prevê pena de dois a 12 anos de reclusão, além de multa.
Edmarcio negou o crime e disse que entregou os presentes por interesse pessoal, pois estava tentando conquistar a servidora. Ouvida em juízo, a própria vítima afirmou que Edmarcio não pediu nenhuma vantagem ou favor, mas passou a impressão de estar apenas tentando aproximação.
“A conduta do acusado pode ter sido motivada por seu interesse pessoal pela vítima”, afirmou a juíza Mariana Rezende Ferreira Yoshida, ao absolver Edmarcio Sousa.
Nesta terça-feira, ele foi preso pela PF por determinação do juiz Rubens Petrucci Junior, da 2ª Vara Federal em Dourados. A polícia o aponta como líder de esquema de contrabando e descaminho, baseado em Nova Alvorada do Sul. Dinheiro em contas bancárias e bens somando R$ 3,1 milhões, foram confiscados pela Justiça.