Após ouvir produtores, procurador vai a áreas ocupadas por índios
Na quinta-feira, mais um índio ficou ferido em uma das áreas invadidas nos arredores da reserva de Dourados; sitiantes querem apoio do MPF para reintegração de posse das propriedades
A situação continua tensa em propriedades rurais nos arredores da reserva indígena de Dourados, a 233 km de Campo Grande, que começaram a ser ocupadas por guarani-kaiowás há três semanas. Na quinta-feira à noite, um índio foi ferido com um tiro nas costas na fazenda Cristal, invadida no dia 12 deste mês, e um empresário que andava de bicicleta pela área chegou a ficar de refém até a chegada da polícia.
Há relatos de novos conflitos ocorridos ontem à noite, porém, não confirmados por lideranças indígenas. Moradores das aldeias Bororó e Jaguapiru, contrários às ocupações, teriam entrado em confronto com os índios durante uma nova tentativa de invasão. A maioria dos índios que ocupam as propriedades é de outras regiões, principalmente Amambai e Caarapó, mas também há no grupo moradores da reserva local.
Procurador na área – Na manhã de hoje (19), o procurador da República em Dourados, Marco Antonio Delfino de Almeida, foi ao local das ocupações para ouvir relatos dos índios sobre os confrontos. Ele estava acompanhado de representantes dos produtores e de diretores da Aced (Associação Comercial e Empresarial de Dourados), que nesta semana declarou apoio aos sitiantes com áreas invadidas.
Ontem de manhã, moradores que tiveram de abandonar os sítios após as invasões, o advogado que representa o grupo e lideranças ruralistas de Dourados foram recebidos pelo procurador. Eles foram pedir apoio do MPF (Ministério Público Federal) ao pedido de reintegração de posse, encaminhado à Justiça Federal e ainda não despachado.
Índio teve alta – Jonemar de Ramos Machado, 38, o índio ferido com um tiro na noite de quinta-feira, teve alta ontem. O setor de enfermagem do Hospital da Vida, para onde ele foi levado, disse que o tiro acertou as costas de Jonemar de forma superficial, sem gravidade.
Ele foi o segundo índio ferido após o início das ocupações. No sábado passado, Isael Reginaldo Alves, 41, sofreu vários ferimentos pelo corpo e foi hospitalizado. Os índios afirmaram que os ferimentos foram provocados por tiros, mas no hospital a conclusão foi de que os ferimentos foram provocados por estilhaços de rojão.