Após ouvir testemunhas, juiz avalia pedido de cassação de Délia e vice
Coligação encabeçada por Geraldo Resende aponta utilização irregular de servidor da AL e omissão de patrimônio
O juiz Jonas Hass da Silva Júnior, que responde pela 43ª Zona Eleitoral de Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, deve decidir nos próximos dias se acata ou não o pedido de cassação da prefeita Délia Razuk (PR) e do vice-prefeito Marisvaldo Zeuli (PPS). A audiência para depoimento de testemunhas ocorreu no dia 20 deste mês.
A representação, feita pela coligação “Compromisso de Verdade”, aponta irregularidades na prestação de contas dos eleitos e na utilização dos serviços de um servidor da Assembleia Legislativa na campanha eleitoral.
A coligação que entrou com a ação contra Délia teve como candidato a prefeito o deputado federal Geraldo Resende (PSDB), segundo colocado na disputa de outubro do ano passado.
Depoimentos – O magistrado acatou a representação feita pela coligação de Geraldo e interrogou duas testemunhas que apontaram o uso de servidor público na campanha eleitoral. Foram ouvidos os jornalistas Marcos Santos e Ricardo Minella e o advogado Péricles Garcia Santos, que trabalharam na campanha do deputado tucano.
A audiência, realizada durante toda a tarde de quinta-feira passada, teve como objetivo comprovar o uso de servidor público na campanha eleitoral, o que é vedado pela legislação eleitoral. Délia e Marisvaldo acompanharam os depoimentos.
A coligação de Geraldo acusa a então candidata do PR de ter usado um jornalista, servidor da Assembleia Legislativa, como marqueteiro da campanha eleitoral em Dourados. A defesa da prefeita nega a acusação.
O primeiro a depor foi o advogado Péricles Garcia Santos, que atuou no jurídico da coligação Compromisso de Verdade. Diante do juiz Jonas Hass Silva Junior e da promotora eleitoral Fabrícia Barbosa Lima, ele afirmou ter participado de eventos da campanha em que o jornalista estava presente como representante da coligação de Délia Razuk.
O segundo a ser ouvindo foi o jornalista e advogado Marcos Santos. O Campo Grande News apurou que Santos apresentou detalhes do trabalho do servidor da AL na campanha eleitoral, relatando ainda que ele participou das reuniões na TV Morena e na RIT (Rede Internacional de Televisão) para discutir regras dos debates eleitorais.
A terceira testemunha ouvida foi também jornalista Ricardo Minella, assessor de imprensa de Geraldo Resende e mais um a confirmar a presença do jornalista da AL como marqueteiro de Délia Razuk. Segundo a testemunha, o servidor da Assembleia atuou inclusive, como orientador da então candidata durante os debates e entrevistas na campanha eleitoral.
Prestação de contas – Outro ponto abordado na audiência foi a denúncia da coligação de Geraldo sobre doação indireta de pessoa jurídica para a campanha eleitoral de Délia Razuk.
Conforme a representação que deu entrada na Justiça Eleitoral no dia 22 de dezembro do ano passado, a irregularidade na prestação de contas envolve uma transferência de R$ 100 mil, feita por Délia Razuk para a conta de campanha no dia 2 de setembro.
O dinheiro seria proveniente da venda de equipamentos de empresa de armazenagem de produtos alimentícios, da qual a atual prefeita era sócia com o marido, o ex-deputado estadual Roberto Razuk. Os equipamentos teriam sido vendidos por R$ 800 mil, em agosto do ano passado.
A acusação pediu que o juiz determine a quebra do sigilo das contas dos envolvidos, para esclarecer a operação financeira. Agor, após a audiência, o magistrado deverá anunciar a sentença, condenando ou absolvendo a prefeita e seu vice. Independente da decisão, a sentença poderá ser questionada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral).
A assessoria de imprensa da prefeita Délia Razuk foi procurada nesta manhã para falar sobre a ação, mas não se manifestou sobre a representação que tramita na Justiça Eleitoral.