Ataque a aldeia Kurussu Ambá apavora indígenas e Funai desde o meio-dia
Funai diz que é a pior investida que já aconteceu na região
Indígenas do acampamento Kurussu Ambá estão sendo atacados desde o meio-dia, deste domingo (31), em Coronel Sapucaia, a 400 km de Campo Grande. De acordo com o indígena Eliseu Lopes, que está no local, a situação é grave e até agora nenhuma autoridade compareceu na região para tomar as devidas providências.
Eliseu contou para a reportagem que várias caminhonetes percorrem o local atirando e jogando gasolina nos barracos para atearem fogo. Ele disse que não tinha como informar um número preciso de quantos barracos já haviam sido queimados porque observava a situação de longe. “As crianças, as pessoas aqui estão escondidas no mato”.
“Esse é o ataque mais grave que já aconteceu no acampamento”, comentou por telefone o coordenador regional da Funai de Ponta Porã, Elder Ribas. Ele confirmou a informação sobre a invasão e disse que já acionou todos os órgãos competentes, Polícia Federal, MPF (Ministério Público Federal) e entidades dos Direitos Humanos. “A gente não conseguiu nenhum apoio até agora”.
As 200 pessoas que moram na região estão divididas em três grupos no acampamento. Até o momento da publicação desta matéria, não havia nenhum registro de feridos ou mortos. O coordenador da Funai teme que, agora à noite, os ataques se intensifiquem. “A situação é grave, precisamos do apoio das autoridades.”
Kurusso Ambá
Fazendeiros e indígenas vivem uma situação de conflito antiga. De acordo com Ribas, as fazendas Madama e Bom Retiro ficam ao lado da aldeia que está sob ataque. As fazendas seriam o motivo das agressões, onde já ocorreu até mortes.
Desta vez, as ações de hoje seriam decorrentes da tentativa de retomada, no sábado (30), da fazenda Madama. O ataque deste domingo seria uma retaliação à ação dos indígenas.