Ataque contra traficantes da fronteira com MS mata 2 durante festa
Com ordem de prisão internacional, principal alvo do atentado usava documento brasileiro e está internado
Atentado a tiros durante festa na noite de ontem (30) no Paraguai deixou dois mortos e pelo menos quatro feridos. O caso ocorreu no anfiteatro de San Bernardino, cidade localizada na margem do Lago Ypacaraí.
Segundo a polícia e o Ministério Público do Paraguai, os alvos eram traficantes de Pedro Juan Caballero, cidade separada por uma rua de Ponta Porã (a 313 km de Campo Grande). Dois ficaram feridos e um morreu.
Pelo menos 20 mil pessoas estavam na Ja’Umina Fest, evento de danças tradicionais da Argentina e da Colômbia. Entre os mortos está a empresária e influenciadora digital Cristina Vita Aranda, mulher do jogador de futebol Tito Torres, do Olímpia.
Além dela, morreu no local Marcos Ignacio Rojas Mora, que seria ligado ao narcotráfico da fronteira. Entre os feridos estão outros dois narcos – José Luis Bogado Quevedo, 38, e Marcelo Monteggia. Os três estariam juntos na festa, assim como outros bandidos que escaparam ilesos. Os autores do ataque ainda não foram identificados.
Uma caminhonete Toyota Hilux branca, com registro de Pedro Juan Caballero, foi apreendida perto do anfiteatro. O veículo seria de Marcelo Monteggia.
Procurado – A polícia paraguaia afirma que o alvo principal era José Luis Bogado Quevedo, com mandado de prisão internacional e procurado pela Justiça brasileira. Ele mora em Pedro Juan Caballero, mas teria se instalado há uma semana em San Berbardino, cidade estratégica para os traficantes da fronteira.
Inicialmente, o traficante não aparecia entre os feridos durante a festa de ontem, mas depois os policiais descobriram que ele estava internado num hospital particular na capital Asunción, a 40 km do local do ataque. Para tentar despistar a polícia, ele apresentou documento brasileiro falso, mas foi descoberto e agora está sob escolta de policiais da Fope, grupo de elite da Polícia Nacional.
José Luis Bogado Quevedo tem 34 processos abertos no Brasil e conta com ordem de prisão para fins de extradição, o que deve ocorrer logo após a alta médica. Segundo a imprensa paraguaia, mesmo com ordem de prisão internacional, o traficante se instalou em Pedro Juan Caballero e se movimentava livremente na fronteira e na capital paraguaia, sem ser importunado pela polícia daquele país.
Ainda segundo jornais paraguaios, Bogado opera no país vizinho há pelo menos uma década. Para se manter em liberdade, teria apoio político e policial na fronteira.
Em abril de 2014, Bogado tinha sido alvo de operação da Polícia Federal no Estado de São Paulo, mas conseguiu fugir. A ação foi desencadeada após um agente da PF morrer em troca de tiros com os traficantes no momento em que avião pousava na região de Bocaina (SP) com meia tonelada de cocaína.