Com até 4 dias sem água, feriadão pode ser o caos em Bonito
Prefeitura notificou Sanesul para resolver o problema, que é recorrente, mas piorou com a falta de chuva e altas temperaturas
Temperaturas recordes e falta de chuvas, a receita fatal que está afetando moradores de Bonito, a 237 quilômetros de Campo Grande. A população de 23 mil habitantes viu a situação piorar nas últimas semanas com corte no serviço por 3 a 4 dias seguidos.
A falta de água levou a prefeitura a enviar notificação à Sanesul, concessionária prestadora de serviço. No ofício, requer providências urgentes da concessionária para resolver a “situação intolerável”, sob o risco de acionar a Justiça. Uma das preocupações é com o turismo, atividade que sofreu impactos com a pandemia da covid-19 e está em retomada.
“Esse problema de água em Bonito sempre foi crônico, nos períodos de alta temporada temos esse sofrimento, só que esse ano piorou muito e não se resolve”, disse o secretário Municipal de Turismo, Augusto Mariano.
O problema acontece tanto na região central quanto nos bairros. A vendedora Dila Gomes, mora no bairro da Maruca e trabalha em loja na Avenida Pilad de Rebuá, a principal da cidade. “Tá faltando geral, em todos os bairros e são três, quatro dias direto”, disse. Quando o serviço é restabelecido, diz que a água volta sem pressão e suja.
A secretária Jéssica Passos já cronometrou o problema. Logo cedo, quando sai de casa, o fornecimento está normalizado, mas acaba pouco tempo depois. “Aí eu volto lá pelas 17h, ainda não tem e vai voltar só de madrugada”.
Jéssica começou a armazenar água nos períodos em que o serviço é restabelecido para tentar manter rotina da casa, no Jardim Bela Vista, mas está deixando pendências domésticas. “Tem monte de roupa para lavar, casa suja porque não tem como limpar, isso é falta de respeito com a gente que paga imposto, paga conta de água”, desabafa.
Segundo o secretário Augusto Mariano, a falta de água começou a ficar mais recorrente nas duas últimas semanas. Para o turismo, fator de preocupação com a proximidade do feriado prolongado de outubro (11 a 15, que engloba Corpus Christi, Nossa Sra Aparecida e Dia do Professor). O ofício assinado pelo prefeito Odilson Arruda Soares foi enviado no dia 28 de setembro.
A atividade turística foi retomada de forma efetiva em julho, depois de período de suspensão por conta da covid-19. De 21 a 27 de setembro, o setor recebeu 11.277 visitantes, na semana anterior, foram 10,9 mil turistas na cidade.
O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Bonito/MS), Alexandre Frederich, disse que os empresários estão racionando água nos estabelecimentos para minimizar o impacto da falta geral na cidade. “Pessoal tá acumulando louça para lavar mais tarde, usando água mineral para fazer alimentos para não usar da torneira, para não faltar para o cliente”, disse. “É difícil, a demanda é grande”.
“Não tem muito o que se fazer”, lamenta o presidente do IDB (Instituo de Desenvolvimento de Bonito), Guilherme Poli. O IDB é instituto que reúne seis associações, entre hotelaria, agências de turismo, bares, restaurantes e atrativos turísticos. Alguns estabelecimentos trabalham com captação de chuva, porém, em períodos de seca, a alternativa é inviável.
Dos 21 hotéis que compõem a associação, a maioria já não tem mais vagas para o feriado prolongado e a estimativa é alcançar 100% de lotação.
No início da manhã, a reportagem entrou em contato com a Sanesul para tratar do ofício enviado pela prefeitura de Bonito e plano para normalizar o fornecimento de água, mas até agora não obteve retorno.