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Interior

Com tornozeleira, braço direito do Clã Mota ganha direito a cursar arquitetura

Luis Guilherme Chaparro Fernandes foi preso da Operação Magnus Dominus mas está livre, sob monitoramento

Por Helio de Freitas, de Dourados | 08/03/2024 14:53
Armas apreendidas na Operação Magnus Dominus, em junho do ano passado (Foto: Divulgação)
Armas apreendidas na Operação Magnus Dominus, em junho do ano passado (Foto: Divulgação)

Luis Guilherme Chaparro Fernandes, o “Lugui”, investigado na Operação Magnus Dominus, da Polícia Federal, recebeu autorização da Justiça Federal para cursar arquitetura e urbanismo. Ele foi preso no dia 30 de junho do ano passado e atualmente monitorado por tornozeleira eletrônica.

Sócio de um escritório de arquitetura em Ponta Porã, “Lugui” é considerado braço direito do narcotraficante Antonio Joaquim Gonçalves Mendes da Mota, 30, conhecido como “Dom” e “Motinha”, principal alvo da “Magnus Dominus”, que segue foragido.

Em decisão no início deste mês, o desembargador Nino Oliveira Toldo, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, permitiu flexibilização no horário de recolhimento noturno, para permitir que Luiz Guilherme frequente aulas em uma faculdade particular em Dourados (a 251 km de Campo Grande).

Inicialmente, “Lugui” foi apontado nas investigações como integrante do exército paramilitar montado por “Motinha” para garantir sua segurança pessoal e de seus familiares e para intimidar cartéis rivais.

Entretanto, após a prisão, a Justiça concedeu liberdade provisória a Luis Guilherme por entender que ele não integrava o grupo armado e, sim, desempenhava função de confiança de “Motinha” e de todo o Clã Mota. Era ele, inclusive, que buscava a namorada do chefe no aeroporto de Ponta Porã, conforme revela relatório de monitoramento do serviço de inteligência da PF.

Arquitetura – Logo após a operação, “Lugui” ganhou direito à liberdade provisória com monitoramento por tornozeleira eletrônica. Matriculado no quinto semestre do curso de arquitetura e urbanismo da Unigran, a defesa dele solicitou revogação da medida cautelar, mas o pedido foi negado pela Justiça Federal em Ponta Porã.

A defesa então recorreu ao TRF3 em São Paulo e conseguiu o benefício parcial. “É o caso de permitir ao paciente [Luis Guilherme] frequentar a universidade, exclusivamente no período destacado da declaração, observado o tempo necessário de deslocamento entre Ponta Porã e Dourados, o que, em princípio, não trará prejuízos à persecução penal. Posto isso, reconsidero parcialmente a decisão liminar apenas para autorizar Luis Guilherme Chaparro Fernandes a cursar a disciplina, ofertada às sextas-feiras, das 19h às 22h”, decidiu o desembargador.

No despacho, Nino Toldo explica que a permissão vale apenas para as aulas de “dp” (dependência) de Teoria da Arquitetura e Urbanismo I, do terceiro semestre, ofertadas às sextas-feiras das 19h às 22h.

O desembargador mandou comunicar a decisão ao sistema de monitoramento “para a reconfiguração dos limites territoriais da monitoração eletrônica, incluindo o tempo necessário de deslocamento entre as cidades de Ponta Porã e Dourados”.

Joaquim Gonçalves Mendes da Mota, o “Motinha” (Foto: Arquivo)
Joaquim Gonçalves Mendes da Mota, o “Motinha” (Foto: Arquivo)

A operação – No dia 30 de junho do ano passado, “Motinha”, os paramilitares e outros envolvidos no esquema criminoso foram alvos da Operação Magnus Dominus, desencadeada pela Polícia Federa para desmantelar o grupo de mercenários montado pelo traficante sul-mato-grossense para sua proteção pessoal e para intimidar traficantes concorrentes.

Naquele dia, seis investigados foram presos: Ygor Nunes Nascimento, Jefferson Gusmão Correa Honorato, Luis Guilherme Chaparro Fernandes, Iuri Silva de Gusmão, Vanderlei Cunha Junior e Victor Gabriel Gomes Guimarães Romeiro.

Ygor Nascimento, conhecido como “Romanov”, é terceiro-sargento da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e até o dia em que foi preso estava lotado no DOF.

Avisado da operação, “Motinha” conseguiu fugir de helicóptero, se escondeu no Paraguai e até hoje não foi capturado. Ele esta na difusão vermelha da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal). Também seguem foragidos os brasileiros Alberto Florisbal Schonhofen e João Paulo Torres Veiga e o romeno Musat Corian Martel.

No dia 16 do mês passado, o grego Nikolaos Kifanidis, um dos integrantes do grupo paramilitar, foi preso no Reino Unido. O grego foi o segundo mercenário localizado após a operação. Também incluído na lista vermelha de foragidos, o italiano Giorgio Otta foi preso no dia 18 de dezembro, na Itália. A Justiça brasileira já solicitou sua extradição dos dois.

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