Mercenário que fazia segurança de traficante da fronteira é preso na Europa
Nikolaos Kifanidis foi localizado sexta-feira (16) no Reino Unido, 8 meses após a Operação Magnus Dominus
Foi preso no Reino Unido o grego Nikolaos Kifanidis, um dos integrantes do grupo paramilitar que fazia a escolta do narcotraficante Antonio Joaquim Gonçalves Mendes da Mota, 30, conhecido como “Dom” e “Motinha”.
No dia 30 de junho do ano passado, Nikolaos, Motinha e outros paramilitares foram alvos da Operação Magnus Dominus, desencadeada pela Polícia Federa para desmantelar o grupo de mercenários montados pelo traficante sul-mato-grossense para sua proteção pessoal e para intimidar cartéis rivais.
Seis mercenários foram presos naquele dia, mas “Dom” e cinco de seus seguranças conseguiram fugir, entre eles Nikolaos Kifanidis, localizado sexta-feira (16) no Reino Unido. Na segunda-feira (19), a Justiça Federal ratificou o mandado internacional de prisão e deu prazo de 5 dias úteis para o Ministério Público Federal se manifestar sobre pedido de extradição.
O grego é o segundo mercenário localizado após a operação. Também incluído na lista vermelha de foragidos da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal), o italiano Giorgio Otta foi preso no dia 18 de dezembro, na Itália. A Justiça brasileira já solicitou sua extradição.
Ainda seguem foragidos os brasileiros Alberto Florisbal Schonhofen e João Paulo Torres Veiga e o romeno Musat Corian Martel.
Alberto tinha uma empresa de comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal em Charqueadas (RS), onde já foi conselheiro tutelar e trabalhou com escoteiros. João Paulo, o “Checheno”, tinha empresa de cobranças em Belo Horizonte (MG).
Os mercenários presos no dia da operação foram Ygor Nunes Nascimento, Jefferson Gusmão Correa Honorato, Luis Guilherme Chaparro Fernandes, Iuri Silva de Gusmão, Vanderlei Cunha Junior e Victor Gabriel Gomes Guimarães Romeiro.
Ygor Nascimento, conhecido como “Romanov”, é terceiro-sargento da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e até o dia em que foi preso estava lotado no DOF (Departamento de Operações de Fronteira), grupo de elite da PM criado justamente para reprimir o tráfico e contrabando na linha internacional.
“Motinha” – Chefe do grupo de mercenários e peça importante no Clã Mota, Antonio Joaquim Gonçalves Mendes da Mota foi avisado com antecedência sobre a operação de 30 de junho e conseguiu fugir de helicóptero. Atualmente ele é alvo de dois mandados de prisão internacional e também está na difusão vermelha da Interpol. Segundo fontes da fronteira, “Motinha” está escondido em território paraguaio.
Ontem, o pai dele e o principal líder do Clã Mota, Antonio Joaquim da Mota, o “Tonho”, foi preso pela Polícia Federal em Ponta Porã e levado de helicóptero para a Penitenciária Federal em Campo Grande.
A prisão preventiva dele foi decretada pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região em processo que tramita em sigilo, no qual Tonho é acusado de posse e tráfico ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas e organização criminosa.
Antonio Joaquim da Mota vem sendo investigado há anos por envolvimento com o crime organizado. Empresário e criador de gado na fronteira, ele mantinha ligações com Dario Messer, considerado o “doleiro dos doleiros”, um dos presos no âmbito da Operação Lava Jato.
Em 2019, “Mota pai” foi preso no âmbito da Operação Patrón, junto com o filho e a esposa Cecy Mendes Gonçalves da Mota, todos acusados de lavagem de dinheiro em investigação desmembrada da Lava Jato. Um ano depois, a mansão da família foi novamente alvo de buscas, no âmbito da Operação Hélix, por suspeita de envolvimento no tráfico internacional de cocaína transportada em helicópteros.
Em 2019, após a polícia paraguaia fazer buscas em sua fazenda nos arredores de Pedro Juan Caballero, Tonho procurou o amigo e atual deputado nacional Eulalio Gomez Batista (Partido Colorado) para reclamar da ação policial.
Na conversa por WhatsApp, revelada em setembro do ano passado pela Revista Piauí, Lalo Gomez afirmou que pediria a substituição do chefe de investigações da Polícia Nacional em Pedro Juan, como punição pela operação na fazenda de Tonho.
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