ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  08    CAMPO GRANDE 27º

Interior

Condomínio de luxo faz acordo com jardineiro indígena que perdeu olho

Acidente de trabalho foi em novembro de 2022 no Ecoville, em Dourados; indenização será de R$ 130 mil

Helio de Freitas, de Dourados | 21/07/2023 15:29
Portaria do Ecoville, condomínio de luxo onde trabalhador indígena perdeu olho (Foto: Divulgação)
Portaria do Ecoville, condomínio de luxo onde trabalhador indígena perdeu olho (Foto: Divulgação)

O Ecoville Residence & Resort, condomínio de luxo localizado em Dourados (a 251 km de Campo Grande), terá de pagar indenização de R$ 130 mil a um trabalhador indígena de 54 anos de idade que perdeu o olho durante serviços de jardinagem no local. O acidente de trabalho ocorreu em novembro do ano passado e o acordo foi assinado no dia 12 deste mês. Entretanto, ainda não foi homologado pela Justiça do Trabalho.

Encravado entre a cidade e a reserva indígena formada pelas aldeias Bororó e Jaguapiru, o Ecoville foi o primeiro condomínio fechado de alto padrão construído na região norte da cidade. Ao longo dos anos, o entorno recebeu outros residenciais de luxo e se transformou em reduto dos endinheirados da maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul.

Conforme o processo ao qual o Campo Grande News teve acesso, o indígena, residente na Aldeia Jaguapiru, foi contratado em 11 de agosto de 2022 pela Associação Ecoville Dourados (que representa os condôminos) para trabalhar como auxiliar de jardinagem. O salário registrado em carteira era de R$ 1.600,55.

Em meados de novembro do mesmo ano, quando fazia serviços de jardinagem, o trabalhador foi atingido por farpa de madeira no olho direito. Ele por três cirurgias para transplante de córnea, mas os procedimentos não tiveram sucesso e a perda a visão no olho direito foi irreversível. Desde então, o homem se encontra em licença médica, recebendo auxílio-doença do INSS.

Para evitar ação judicial por indenização, o condomínio firmou acordo com o trabalhador, propondo pagamento de R$ 110 mil ao indígena e R$ 20 mil referentes a honorários advocatícios, a serem pagos para a advogada dele.

Segundo a proposta, o pagamento ao trabalhador será feito em cinco parcelas mensais de R$ 22 mil, com vencimento da primeira em 15 de julho e a última em 15 de novembro. Já os R$ 20 mil da advogada serão pagos em duas parcelas de R$ 10 mil – uma em julho e outra em agosto.

Pelo acordo, o trabalhador aceita o valor como pagamento por todas as verbas devidas em função do sinistro (danos materiais, morais e estéticos) e se compromete a não propor qualquer medida judicial futura.

A proposta foi encaminhada à Justiça do Trabalho, mas ainda não foi homologada. Nesta semana, o juiz Marcio Alexandre da Silva apontou falta de alguns documentos e encaminhou o caso para análise do MPT (Ministério Público do Trabalho). O Campo Grande News procurou a Associação Ecoville Clube, mas ainda não recebeu resposta. O espaço segue aberto.

Receba as principais notícias do Estado pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.

Nos siga no Google Notícias