Conflito com fazendeiros foi provocado após indígenas terem casas derrubadas
Entidade diz que militares chegaram após indígenas segurarem tratorista suspeito de derrubar barracos
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Conflito com fazendeiros em propriedade rural no município de Naviraí, distante 366 quilômetros de Campo Grande, foi provocado após indígenas terem suas moradias derrubadas por tratorista, segundo o Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
O local é onde vive a comunidade indígena Kurupi, composta por pessoas da etnia guarani-kaiowá.
Indígenas retomaram a sede em julho do ano passado, mas foram expulsos pela Polícia Militar. No último mês, a tensão aumentou porque eles querem impedir o plantio de cana-de-açúcar na propriedade, o que na visão do grupo, dificultaria a tentativa de tomar o território.
O Cimi avalia que as ações feitas contra indígenas têm maior celeridade do que quando há violências cometidas contra povos originários.
Segundo a entidade, policiais foram acionados após denúncia que indígenas seguravam o tratorista. Ele foi denunciado pelos indígenas de derrubar barracos de moradores e levado pela PF (Polícia Federal).
A Assembleia Aty Guassu divulgou imagens do que eles afirmam ser a tentativa de servidores públicos “tirarem a força, fazendo despejo ilegal, sem ordem judicial”. O grupo que representa os povos originários pede a atuação da PF e da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) com urgência no local.
A reportagem entrou em contato com lideranças indígenas do Tekoha Kurupi e a única informação repassada foi que ninguém se feriu.
Procurada, a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) alegou que houve invasão de propriedade, depredação de uma máquina agrícola, ameaças a funcionários e até o sequestro de uma pessoa para dentro da aldeia.
As forças militares cercaram a região até a chegada de equipes do Batalhão de Choque e Bope, mas segundo a pasta, os indígenas em negociação com a Polícia Federal libertaram o refém. Imagens mostram vidro de retroescavadeira atravessado por objeto semelhante a uma lança de madeira.
Vale lembrar que a ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara, esteve em Mato Grosso do Sul no mês de março para visitar área de conflito de terra em Rio Brilhante.
Na oportunidade, ficou determinada a criação de um GT (Grupo de Trabalho) entre todas as partes envolvidas com o objetivo de resolver o problema. Também foi solicitado um pedido de paz entre indígenas e fazendeiros, o que na prática não ocorre até o momento.