Contra Temer, estudantes mantêm invasões em três universidades de MS
Universitários mantêm ocupados os prédios da Uems em Campo Grande, da UFMS em Três Lagoas e da UFGD em Dourados; unidade da Uems em Paranaíba foi desocupada ontem e hoje retoma aulas
Unidades de três universidades públicas estão invadidas por estudantes nesta quinta-feira (10) em Mato Grosso do Sul. As manifestações fazem parte de movimento nacional em dezenas de instituições de ensino no país em protesto contra as propostas de reforma apresentadas pelo governo de Michel Temer (PMDB), principalmente o controle dos gastos públicos e o projeto para mudar o ensino médio.
As invasões ocorrem no campus da UFMS (Universidade Federal de Mato Groso do Sul) em Três Lagoas, na unidade da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) em Campo Grande e no prédio da reitoria da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), na segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Em Paranaíba, a 422 km de Campo Grande, a unidade da Uems foi ocupada no dia 29 de outubro, mas ontem os estudantes deixaram o local por ordem da Justiça.
A assessoria de imprensa da universidade, que tem sede em Dourados, informou ao Campo Grande News que as atividades foram retomadas no campus de Paranaíba e hoje à noite as aulas voltam ao normal.
UFGD – A ocupação do prédio da reitoria da UFGD, localizada na Rua João Rosa Góes, área central de Dourados, começou por volta de 22h de ontem, aprovada em assembleia. Pelo menos 240 universitários passaram a noite no prédio e todas as atividades do local foram suspensas.
De manhã, funcionários da universidade, acompanhados pelo vice-reitor Márcio Barros, foram ao local e conseguiram negociar com os manifestantes a retirada de alguns documentos, para dar andamento a questões burocráticas, como liberação de recursos para manutenção da instituição e pagamento de bolsas.
Em nota enviada pela assessoria, a reitoria informou que as atividades de graduação, pesquisa, pós-graduação e estágio ocorrem normalmente na Unidade II, que fica na Cidade Universitária, em frente ao aeroporto.
“Até o momento, a universidade não recebeu nenhuma orientação do Ministério da Educação sobre como atuar nos casos de ocupação e também não solicitou a reintegração de posse. A reitoria reafirma sua constante abertura ao diálogo e respeito a toda a comunidade acadêmica e acompanha permanentemente a situação”, diz a nota.
Ainda conforme a reitoria, a UFGD encaminhou solicitação aos senadores da bancada de Mato Grosso do Sul para que votem contra a PEC 55/2016, que congela os gastos do governo federal por 20 anos.
Além da pauta nacional, os manifestantes que ocupam a reitoria da UFGD também reivindicam esclarecimentos sobre os cortes de orçamento anunciados pela universidade e mais participação da comunidade acadêmica na discussão e decisão sobre essas medidas.
Três Lagoas – No município distante 338 km de Campo Grande, o campus da UFMS permanece invadido e quase todas as atividades estão paralisadas. De acordo com a diretora em exercício Inês Francisca Neves Silva, os alunos autorizaram apenas que as atividades do mestrado não fossem interrompidas.
“A situação continua a mesma e não temos acesso ao campus. Os alunos se intercalam em turnos, durante o dia há uma quantidade menor e à noite o número de estudantes no local aumenta”, comenta.
A universidade está invadida desde o dia 2 de novembro por pelo menos 20 alunos, apenas no bloco 2, o que não impediu a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) nos dias 5 e 6 de novembro. Na segunda-feira (7) os estudantes passaram a ocupar também o bloco 1, onde ocorreram as provas.
Campo Grande - Invadida desde a última segunda-feira (7) o campus da UEMS na Capital permanece com as aulas suspensas, mas setores administrativos continuam funcionando normalmente. Segundo o prefeito do campus, Haroldo Grella, cerca de 20 alunos dos cursos de Artes, Geografia e Letras permanecem no local. "Os estudantes se revezam nos horários e ocupam o bloco do curso de Artes. No mais, as atividades internas estão normais", relata. A assessoria de imprensa da instituição informou que "a universidade respeita o direito dos alunos protestarem e que não irá intervir".