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Interior

Criança indígena de 1 ano morre vítima de desnutrição em Dourados

Bebê foi enterrado às margens da rodovia BR-463, local onde está acampamento chamado de Retomada de Apyka'i

Mylena Fraiha, Lucia Morel e Helio de Freitas, de Dourados | 05/05/2023 19:20
Criança tinha 1 ano e três meses e morreu na última segunda-feira. (Foto: Reprodução/Aty Guasu)
Criança tinha 1 ano e três meses e morreu na última segunda-feira. (Foto: Reprodução/Aty Guasu)

Criança indígena de 1 ano e três meses morreu com quadro de desnutrição em Dourados, cidade a 233 quilômetros de Campo Grande, na última segunda-feira (1º). O caso foi divulgado nas redes das mulheres guarani caiuás apenas hoje (5), indignadas com a situação.

De acordo com a publicação oficial da Aty Guasu, a criança foi enterrada às margens da rodovia BR-463, local onde está acampamento da Retomada de Apyka'i, também conhecida como região do Curral de Arame. Entretanto, reiterou que a família constantemente mudava de local em busca de comida pela cidade de Dourados e estaria atualmente na Favela Santa Felicidade.

O MPF (Ministério Público Federal) já acompanha o caso e o procurador da República em Dourados, Marco Antônio Delfino de Almeida, disse que a situação é um caso isolado e que a criança que faleceu tem outros quatro irmãos que não estão com desnutrição.

“É um caso isolado”, informou, lembrando que a família mora em uma área de ocupação urbana (favela) de nome Santa Felicidade. Lá, moram em barracos apenas 14 famílias indígenas e outras 200 não indígenas.

A ocupação existe há pelo menos 10 anos e está localizada atrás do Parque de Exposições de Dourados, perto do Bairro Jóquei Clube. A família é de área em Amambai e ainda não há detalhes da razão de terem saído de lá.

“Precisamos entender por que agentes comunitários do município não visitam a localidade. Não é por ser uma ocupação que não precisa dessa assistência”, sustentou.

Por fim, o procurador afirmou que diligências serão realizadas para apurar a razão da desnutrição da criança de 1 ano e que a família será ouvida, bem como o município. Procedimento foi aberto para apurar o caso.

Atendimento médico - O Condisi (Conselhos Distritais de Saúde Indígena) esclareceu ao Campo Grande News que a criança que faleceu não pertencia às aldeias Jaguapiru e Bororó, localizadas em Dourados. Por causa disso, a entidade afirma que não tinha informações sobre a família em seu banco de dados.

“A família da criança veio da Aldeia Amambai e está atualmente morando em uma área urbana na Vila Jóquei Clube, em Dourados. A Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) só presta atendimento em retomadas e aldeias”, informou o conselho.

Informações da Aty Guasu dão conta que a família da criança morta foi retirada da Retomada Apyka’i, às margens da BR-463, em 2016, após serem despejados. Tal área faz parte do território denominado Dourados Peguá e a comunidade luta de maneira incansável pela demarcação das terras nativas Apyka’i.

“A morte dessa criança é só a ponta do iceberg de uma situação gravíssima continuada, que estão ligadas às questões fundiárias, as consequências da não garantia de nossos direitos originários e constitucionais, e dos problemas sociais que decorrem por décadas nos territórios Kaiowá e Guarani”, explica trecho da nota publicada pelas mulheres guarani caiuás.

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