Defesa diz que delegado acusado de furto de droga sofre “delação absurda”
Éder Oliveira Moraes está preso desde 24 de junho e teve pedido de liberdade negado pelo TJ/MS
A defesa do delegado Éder Oliveira Moraes, preso desde 24 de junho e denunciado por planejar furto de 101 quilos de cocaína, afirma que ele é vítima de uma delação absurda, contrária à lógica e ao bom senso.
“Sobre a personalidade dos delatores nem é preciso falar: são réus confessos e, um deles, com antecedentes exatamente pelo mesmo motivo, e, ao se verem perdidos ante o impacto das provas, — muito especialmente a perícia no veículo, que mostrava resíduos de cocaína em toda parte — resolveram criar uma delação para tentar alcançar benefícios”, informa o advogado Irajá Pereira Messias, que atua na defesa de Éder, que era titular da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana.
O posicionamento da defesa consta em documento anexado ao processo sobre tráfico de drogas em trâmite na Vara Criminal de Aquidauana. O crime teria sido executado em parceria com a advogada Mary Stella Martins de Oliveira e seu esposo Ronaldo Alves de Oliveira, condenado por tráfico de drogas. Eles foram presos em 15 de junho.
De acordo com representação da Corregedoria da Polícia Civil, com o pedido de prisão do delegado, o casal Mary Stella e Ronaldo manifestou a intenção de narrar a participação no crime, solicitando benefícios da delação premiada. O documento não cita se o acordo foi efetivado.
Denúncia do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) detalha que o delegado, que tem 19 anos de carreira, definiu as datas, o trajeto e deixou janela basculante aberta na delegacia de Aquidauana para o furto da droga.
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) apreendeu a cocaína em 30 de maio. A carga foi deixada numa sala da delegacia, que funcionava como depósito e só poderia ser aberta com a presença de dois escrivães. A advogada conta que o delegado fez contato no dia 3 de junho, abrindo as tratativas para o furto, concretizado nas madrugadas de 6 e 10 de junho.
Ao Campo Grande News, o advogado Irajá Messias disse nesta sexta-feira (dia 6) que o pedido de habeas corpus para o delegado foi negado pelo TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e que o recurso vai para o STJ (Superior Tribunal de Justiça). Eder Moraes está preso na 3ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande.
O delegado também responde a processos por estupro de adolescentes, peculato, improbidade administrativa e porte ilegal de arma de fogo.
Sigilo - Já a defesa de Mary Stella e Ronaldo pediu que o processo fosse colocado em segredo de Justiça. No documento, o advogado Antonio Cicalise Netto afirma que os fatos ainda são apurados e que a mídia tem acessado os autos, com publicação do conteúdo e trechos do processo. A solicitação data do dia 4 e ainda não teve resposta.
No último dia 28 de agosto, o juiz Ronaldo Gonçalves Onofre liberou o uso de um veículo Corolla, apreendido por ter sido trocado por três tabletes da cocaína, para a Polícia Civil de Aquidauana.