Disputa por liderança provocou morte de dois indígenas em aldeia
A disputa por liderança provocou a morte de dois índios Kadiwéu na tarde de ontem (11), na aldeia Alves Barros, localizada na região de Porto Murtinho, distante 431 quilômetros de Campo Grande. O cacique Ademir Matchua, 42 anos, foi atingido a tiros por opositores políticos. No mesmo dia, o indígena Orácio Ferraz, 26 anos, foi morto por vingança. Os dois chegaram a ser socorridos, mas morreram a caminho do hospital. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia Civil de Bodoquena.
De acordo com um morador da aldeia, que pediu para não ser identificado, Ademir, estava no cargo há 4 anos e não aceitava perder o posto de cacique. Na semana passada, um pastor da aldeia foi apresentado em reunião para a comunidade e a maioria dos moradores assinou um documento aceitando a nova liderança.
No entanto, a família de Ademir, que segundo relatos do morador é autoritária, não aceitava a mudança e, inclusive planejava a morte de Ambrósio da Silva, um dos lideres indígenas que apoiava a troca de cacique. “Somos todos parentes e não podemos ficar julgando, mas estamos em uma situação difícil”, lamenta o morador.
O indígena relata que após confusão, o pai de Orácio matou Ademir a tiros. Depois de um tempo, quase que em seguida, a família do cacique atirou no jovem por vingança. “Nós estamos com medo de acontecer mais morte na aldeia. Ontem acionamos a polícia, que demorou a chegar. Por pouco mais gente não morreu”, reclama, dizendo que o clima no local é de insegurança.
O delegado vai ouvir os envolvidos, mas apesar da proximidade da aldeia com a cidade de Bodoquena, o caso será encaminhado para Porto Murtinho, município que a comunidade pertence. Ontem a informação era de que Ambrósio havia desaparecido, no entanto, a testemunha afirmou que ele saiu da aldeia por segurança.