Em protesto no HU, profissionais da linha de frente cobram vacina contra covid
Funcionários do hospital universitário da UFGD reclamam por ainda não terem sido imunizados
Profissionais de saúde que atuam na linha de frente no combate à pandemia da covid-19 no HU (Hospital Universitário) de Dourados, a 233 km de Campo Grande, protestam hoje (4) para cobrar imunização contra a doença.
Dos 1.300 trabalhadores da unidade, referência da macrorregião para atendimento a infectados pelo vírus, pelo menos metade tem contato com pessoas infectadas ou familiares de pacientes com o vírus. Desses, em torno de 200 foram vacinados até agora.
Com faixas e cartazes, as equipes que saíram do turno da noite se concentraram em frente ao hospital, na região oeste da cidade, para cobrar a vacinação. À tarde, após o final do turno de outra equipe, haverá outra manifestação.
Desde 19 de janeiro, o município recebeu pelo menos seis mil doses das vacinas CoronaVac e da Astrazeneca para imunizar profissionais de saúde da linha de frente. Logo em seguida a prefeitura começou a vacinar as equipes das unidades municipais de saúde, ambulâncias e hospitais.
O Campo Grande News apurou que diante da falta de repasse de doses, a direção do Hospital Universitário acionou o MPT (Ministério Público do Trabalho), MPF (Ministério Público Federal) e Ministério Público Estadual.
Na semana passada, pelo menos 400 doses foram enviadas ao hospital e aplicadas em funcionários da UTI, parte da equipe de clínica médica e enfermaria covid.
O lote foi suficiente para imunizar apenas 33% do pessoal da linha de frente. Ainda precisam ser vacinadas equipes de imagem, setor de apoio direto à covid, raio-x, tomografia, laboratório, central de material de higienização, pediatria, equipe de apoio multiprofissional (nutrição, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas) e a maternidade, única a atender pelo SUS na macrorregião formada por 33 municípios.
Ligado à UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), o hospital é administrado pela Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), vinculada ao Ministério da Educação.
Os profissionais afirmam que o protesto é para mostrar a indignação com o que chamam de desrespeito com os funcionários até agora excluídos da lista dos beneficiados com a vacina. “Pelo menos 50% do hospital tem contato com paciente covid, com familiares. Já denunciamos ao MP e estamos esperando solução”, afirmou uma das líderes do protesto, Naara Siqueira de Aragão.
Segundo os funcionários, a preocupação aumentou nesta semana com o fim das doses enviadas para o município. “Estamos há um ano na linha de frente da pandemia. O Hospital Universitário virou referência, porque o Hospital da Vida parou de atender e manda todos os pacientes para cá”, disse Naara Aragão.
HU – Em nota encaminhada pela assessoria de imprensa, a direção do Hospital Universitário confirmou que 400 doses foram enviadas pela Secretaria de Saúde de Dourados, suficientes para vacinar 33% dos trabalhadores que atuam diretamente com a assistência à saúde, incluindo funcionários de empresas terceirizadas de limpeza e higienização.
“O HU-UFGD aguarda o fornecimento do restante das doses necessárias para vacinar os demais trabalhadores da assistência à saúde, bom como, posteriormente, os profissionais dos setores administrativos”, afirma o hospital.
Sobre a manifestação dos trabalhadores da assistência, o HU afirma ser “legítima” e representa “ato de cidadania” pela preocupação em garantir que outras vidas possam ser cuidadas pelos profissionais da linha de frente do combate à pandemia. O Campo Grande News procurou a prefeitura e aguarda resposta, que será incluída nesta reportagem assim que for enviada pela assessoria de imprensa.