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Interior

Estudantes ocupam escola da Nova Itamarati contra governo Temer

Manifestação de alunos do ensino médio defende educação e protesta contra PEC que congela despesas do governo federal

Helio de Freitas, de Dourados | 18/10/2016 10:36
Estudantes do ensino médio ocupam escola no distrito de Nova Itamarati (Foto: Caroline Borralho)
Estudantes do ensino médio ocupam escola no distrito de Nova Itamarati (Foto: Caroline Borralho)
Protesto começou hoje e não tem previsão de quando será encerrado (Foto: Caroline Borralho)
Protesto começou hoje e não tem previsão de quando será encerrado (Foto: Caroline Borralho)
Alunos conversam com a direção sobre objetivo da ocupação (Foto: Caroline Borralho)
Alunos conversam com a direção sobre objetivo da ocupação (Foto: Caroline Borralho)

Estudantes do ensino médio ocuparam nesta terça-feira (18) a Escola Estadual Nova Itamarati, no distrito de mesmo nome, em Ponta Porã, a 323 km de Campo Grande. O protesto, por tempo indeterminado, é contra a aprovação da PEC 241, que cria um teto para os gastos públicos e congela as despesas do governo federal.

Os estudantes também protestam contra a reforma do ensino médio e a lei da mordaça, propostas encaminhadas pelo governo Michel Temer e em discussão no Congresso Nacional. A PEC 241 já foi aprovada em primeira votação na semana passada.

Caroline Ximenes Borralho, uma das líderes do protesto, disse ao Campo Grande News que pelo menos 80 alunos do terceiro ano do ensino médio acamparam na escola às 6h e vão permanecer no local por tempo indeterminado. Além dela, Claysikelle Ruiz Vieira Dias e Alana Bruna Penteado coordenam o protesto.

Acampamento - “Os alunos ocuparam a escola e não está tendo aula. A ocupação, como em todo Brasil, será por tempo indeterminado. A direção foi informada. Os alunos que estão na ocupação vão cuidar da escola, limpar e cozinhar, mas não vamos usar a merenda escolar. Vamos usar doações arrecadadas de pessoas que apoiam a causa”, informou Caroline. Segundo ela, alguns pais de alunos também estão participando do protesto.

Com 15 mil habitantes, o distrito de Nova Itamarati foi criado no final do ano passado e reúne os dois assentamentos rurais instalados na antiga Fazenda Itamarati, comprada pelo governo federal em 2002 e distribuída a trabalhadores rurais de vários movimentos sociais, entre eles o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

“Com nosso protesto, pretendemos chamar atenção e temos fé que a educação pode melhorar”, afirmou Caroline Borralho. Segundo ela, a escola é uma das maiores de Mato Grosso do Sul, com pelo menos dois mil alunos.

“No fim das contas, o que são alguns dias de aula perdidos perto de uma educação de qualidade e uma possível oportunidade de fazer os políticos repensarem essa PEC, que é tão injusta?”, questionou Claysikelle Dias.

Lula foi ao distrito – No dia 24 de agosto deste ano, às vésperas da votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve no distrito de Nova Itamarati e foi ovacionado por centenas de moradores.

Falando aos trabalhadores rurais, disse que a elite brasileira o persegue por não aceitar o fato de um trabalhador ter sido presidente da República. “Vocês [adversários dele] têm que se preocupar é com o monte de Lulinhas que vão surgir de locais como a Itamarati”, afirmou.

Medidas de Temer – As propostas feitas pelo governo interino para conter os gastos públicos enfrentam severas críticas da oposição liderada por PT, pelo PSOL e PCdoB, mas também de alguns especialistas, que criticam o freio no investimento em saúde e educação, previsto na Constituição.

A emenda constitucional, que ainda precisa passar por uma segunda votação na Câmara e mais duas no Senado, pode afetar a regra de reajuste do salário mínimo.

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