“Fiquei chocada”, diz diretora sobre carta entregue por aluno para salvar mãe
Jovem de 23 anos foi resgatada de cárcere privado e autor foi preso em flagrante após bilhete
Aos 44 anos, a diretora da escola no distrito Pouso Alto, a 190 km de Água Clara, ficou sem palavras ao receber a carta com pedido de ajuda escrita por mãe de aluno. A mulher de 23 anos acabou sendo resgatada pela Polícia Civil e autor preso em flagrante. O caso aconteceu na última terça-feira (27).
Ao Campo Grande News, a diretora que prefere não se identificar contou que o garoto de 10 anos chegou na escola e seguiu a rotina normal. “Aqui é ensino integral, eles estudam das 7h às 14h15. Naquele terça-feira, ele chegou, tomou o café da manhã e foi para a sala de aula, lá ele pediu à professora para falar comigo”, declarou a mulher.
O pedido para falar com a diretora chegou a ser questionado pela professora, que se ofereceu para ouvir o que o menino tinha a dizer, no entanto, ele disse que deveria falar com a responsável pela escola.
“Ele então veio até minha sala e disse que a mãe dele pediu para me entregar o bilhete e que eu deveria contar para alguém. Abri na frente dele e comecei a ler, fiquei sem palavras e chocada com o que estava escrito. Pedi para ele voltar para a sala de aula e acionei as autoridades”, relatou a diretora.
Tudo aconteceu ainda no início da manhã e após acionar a Coordenadoria da Mulher, a diretora chamou novamente o menino e avisou que já havia chamado a polícia e que tudo ficaria bem. “Ele estava com um hematoma no rosto e me contou que padrasto tinha batido nele quando tentou ajudar a mãe, mas nem sabia com o que tinha sido agredido porque fechou os olhos”, disse a educadora.
Ainda conforme a diretora, o menino está matriculado na escola desde março deste ano. Equipes da Polícia Civil e do Conselho Tutelar foram ao local, por volta das 11h, para buscar o menino e a carta. Em seguida, a mulher foi resgatada e o autor preso em flagrante.
“Aqui na escola, priorizamos nossos alunos, não poderia deixar de agir imediatamente depois de tudo que li”, finalizou a profissional que atua há 25 anos na educação.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Johanes Deguti, a mulher acabou indo embora para uma cidade no interior de São Paulo, junto com os filhos, após ser resgatada. O autor aguarda na delegacia por uma vaga em presídio, no entanto, o inquérito ainda não foi concluído.
Procurado pela reportagem, o advogado do autor, Alexssander Cardoso, explicou que ele passou por audiência de custódia e teve a prisão preventiva decretada. A defesa entrou com pedido de habeas corpus, que foi negado. Sobre a versão dele dos fatos, o defensor alegou que espera o oferecimento da denúncia para se manifestar.